Anjo Candelário

Nº de referência da peça: 
C667

Faiança portuguesa,
Lisboa, 1625-1650
Alt.: 28,5 cm
Prov.: coleção privada, Lisboa

A Portuguese Faïence Candle Holder Angel
Lisbon, 1625 – 1650 | H 28.5 cm
Prov.: PC, Lisbon
Pub.: «Lisboa na Origem da Chinoiserie», Lisbon, 2018, p. 84

Magnífico anjo Candelário, peça escultórica moldada, integralmente revestida de esmalte estanífero branco, com ligeiros apontamentos a amarelo, castanho e negro, produção das oficinas de Lisboa, no segundo quartel do século XVII.
A figura ajoelhada, com a perna esquerda fletida, e o pé descalço visível no tardoz, apoia as mãos no joelho direito, sobrepostas, onde seguraria na origem um castiçal. Está vestida de túnica longa, larga e drapeada, parcialmente coberta com capote, aberto na frente, preso com botão preto e amarelo na gola; as mangas, curtas e fendidas, encerram com botões idênticos.
O cabelo, pintado de óxido de antimónio, apresenta algumas mechas mais escuras, através de pinceladas castanhas de óxido de ferro. Nas costas encontra-se a marca das asas desaparecidas.
Esta peça seria parte de par de anjos custódios, provenientes de altar caseiro ou oratório, onde protegiam e adorariam o Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Invulgar criação de cerâmica de expressão escultórica, completamente distinta das peças rodadas usuais, expressando-se através não só da plasticidade de modelação do barro, mas também do revestimento leitoso do esmalte. Remetem para modelos do Renascimento italiano, nomeadamente as terracotas esmaltadas da família de ceramistas Della Robbia, em especial as mais depuradas e monocromáticas, com a leitura expressiva dos volumes não perturbada pelo excesso de efeitos pictóricos.
São vários os reflexos desta importantíssima oficina florentina na arte europeia dos séculos seguintes, incluindo em Portugal, cujos tondos, com molduras circulares de ramagens e frutos, serviram de inspiração a diversas cercaduras de faiança relevada de produção nacional, como as que integram a decoração cerâmica das paredes da Quinta dos Marqueses de Fronteira, a São Domingos de Benfica, em Lisboa, datáveis de cerca de 1670.
Dentro de um grupo reduzido de esculturas de terracota esmaltada, são conhecidos apenas mais três anjos-candelários muito Idênticos à presente peça: um par pertencente ao Museu Nacional de Arqueologia, em depósito no Museu Nacional do Azulejo (MNArq. Inv. 1059), e o terceiro exemplar, solto, da antiga Colecção Capucho, que esteve incluído na Exposição Formas de Devoção de 1999 (p. 60, nº 72).
Embora a faiança portuguesa do século XVII tenha sido dominada pela influência da porcelana chinesa, teve outros influxos, entre outros a produção de peças policromadas, de ascendente italiano, mas com um gosto e uma criatividade muito própria dos oleiros portugueses.
Estas peças poderiam pertencer a um único centro de produção oleira, dada a similitude com os outros exemplares conhecidos, existentes no Museu do Azulejo - quer nas dimensões quer na representação - e com painéis de azulejos coevos, com o tema eucarístico, que apresentam a mesma paleta de cores. Colocados no altar, estes anjos custódios, de joelhos, ladeavam, iluminavam, protegiam e adoravam a Hóstia, representação do Santíssimo Sacramento que traduz o Corpo Cristo.

Bibliografia especifica: Formas de Devoção (Cat.), Lisboa, Museu Nacional do Azulejo, 1999, p. 59, fig. 70-71, p. 60, fig. 72; Céramique du Portugal, du XVIe au XXe Siècle, Genéve, Musée Ariana/Museu Nacional do Azulejo, 2004, p. 68, nº 7.

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Azulejos e Faianças

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