Caldeirinha de Água-benta

Nº de referência da peça: 
B306

Um recipiente de água-benta feito em prata
Portugal, séc. XVIII
Dim: 27 x 17.5 cm
Proveniência: Coleção de JMJ, Lisboa

A Silver Holy Water Bowl
Portugal, 18th c.
Dim: 27 x 17.5 cm
Prov.: J.M.J. collection, Lisbon

Caldeirinha em prata portuguesa do século XVIII, com bojo periforme e bocal revirado, assente sobre pé estrangulado, de base redonda e asa em arco polilobado. No bocal apresenta a inscrição “Barcarena 1792” e está puncionada no tardoz da base.
O corpo, em chapa batida repuxada e cinzelada, está decorado com grandes conchas emplumadas - ladeadas por volutas em “C” ou “S” - separadas por ramo pendente de flores e folhagens relevadas, sobre raiado a cinzel, delimitado por moldura. Termina em bocal liso e revirado.
A base é moldurada e alteada de rebordo cilíndrico, decorada com friso vegetalista, sobre pé liso.
Asa em arco polilobado constituída por volutas em forma em “C” e “S”, soldadas e articuladas com a caldeira através de botões circulares. É rematada por pluma sobre folhagem de acanto.
Possui a marca de ensaiador da Casa da Moeda de Lisboa (L-34.0) datável de 1790-95 e atribuível a José Joaquim da Costa , nascido em 1762. Certificou peças apresentadas para a Patriarcal de Lisboa, os castiçais “à Romana” para o antigo Convento de Santa Joana (1768/70), entre outras .
A marca do ourives de Lisboa “S.R.J.” (L-598.0) é atribuível a Ricardo José de Sousa, ativo entre 1764 e 1804 . Existe um cálice em prata dourada pertencente a igreja da Diocese de Lisboa e atribuível a este ourives .
Relativamente aos ornatos decorativos, ostenta uma sobrecarga volumétrica de elementos ornamentais, com notória ascendência nos gravados de Jean Bérain (1640-1711) e no estilo da Regência Francesa, adoptado e interpretado pelas nossas artes decorativas joaninas (D. João V), como ilustra a concha simétrica e emplumada e os ornatos em “C” e “S” entrelaçados. Os elementos de flores pendentes, em reserva, sugerem uma influência do estilo neoclássico francês de Luís XVI, que se adequa já ao período estilístico português de D. Maria I.
No rebordo do bojo está assinalada a inscrição “Barcarena 1792” que, poderá certificar o espaço e o tempo justificativo da sua encomenda, possivelmente, alfaia litúrgica para serviço da Igreja de São Pedro, a Matriz de Barcarena. Esta sofreu graves danos com o terramoto de 1755, aguardando oito anos pelo início da sua reedificação.
A materialidade e a tangibilidade escultural conferem à peça uma sumptuosidade e plasticidade, conseguida pelos ornamentos simétricos, em relação à superfície e às cartelas que os circunscrevem.
O labor do ourives ter-se-á iniciado após o terramoto de 1755, época que forçou a reconstituição de todo o património litúrgico.
Embora as peças elaboradas pelo ourives apresentem um estilo determinantemente neoclássico, características de era D. Maria I, a linguagem decorativa desta caldeirinha de “estilo transição”, pode reflectir o gosto do encomendante eclesiástico ou ter sido produzida numa data anterior à sua inscrição “Barcarena 1792”.
Trata-se sem dúvida de alfaia litúrgica para um templo de grande importância, quer pela imponência, quer pela qualidade escultórica e de cinzel – seguramente a Matriz, igreja mais importante em Barcarena. Referimos ainda o seu estado de conservação.

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Pratas

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