Mesa Bufete

Nº de referência da peça: 
A574

Pau-santo e latão
Portugal, séc. XVII (2ª metade)
Dim.: 83 x 201 x 90 cm
Prov.: Vasco Freitas, Braga

‘Bufete’ Table
Rosewood and brass
Portugal, 2nd-half of the 17th century
Dim.: 83 x 201 x 90 cm
Prov.: Vasco Freitas, Braga

Elegant rosewood “bufete” table dating to the second-half of the 17th century, with three drawers in one of the case long sides. The protruding, rectangular convex, fluted and plain edged top rests directly onto the apron case that features ten drawer fronts, of which seven are simulated, grouped in sets of three in each long face and paired in each short face, alternating with small stepped cushioned elements that repeat on each drawer front.
The apron case is peripherally framed by a moulded frieze that fits directly onto the four legs, which stand out from the upper section for their virtuosity of conception, a detail illustrative of the exuberant Baroque aesthetic grammar that defines this table. The turned legs, formed by groups of superimposed and contrasting flattened buns of various diameters, alternating with tight strangulations and spirals, are interrupted by robust cubes that function as joint blocks for the equally turned stretchers. These, defined by turned spiralled elements and flattened buns, are fixed by large brass screws and adorned by escutcheons in the same metal.
The feet, following the general characteristics of the other turned elements, terminate on turned flattened buns. On the drawer fronts rectangular pierced brass lock escutcheons of stylized foliage scroll motifs.
Owing to its plain decoration, careful selection of raw materials and cabinet making mastery, this “bufete” table is a representative example of this typology, so favoured in Portugal throughout the 17th and 18th centuries. The stamped marks on the drawers edges, "Pratt&Sons Guildford”, suggest that this table was exported to England, where it was sold by that retailer, active in the mid-20thcentury, in Guildford, Surrey.

According to Bernardo Ferrão, the earliest Portuguese mention to a “bufete” table, is found in the 1537 description of the sumptuous celebrations organized for the marriage of Isabel, the Duke of Braganza’s daughter, to prince Duarte, brother to king João III.
“Bufetes”, as they are commonly referred, are a popular Portuguese furniture typology, a type of table of continuous unaltered format but of variable dimensions, ranging from miniature examples, conceived for use on the raised platforms on which aristocratic ladies sat and socialized, an Islamic practice common in Portugal up to the early 19th century, to the very large “bufetes” of six, or even eight legs, such as the superb example from the Museu de Lamego, reaching close to four meters, which decorated large halls and stately rooms, and were used as centre, as meetings or as writing tables.
From the 17th century onwards “bufete” tables are produced with turned legs and stretchers of great refinement and virtuosity, on the basis of the prevalent taste, the nature of the commission or the cabinet maker and wood turner proficiency, but consistently following the exuberance of Baroque aesthetic canons, and exploiting the characteristics of the dense and dark Brazilian rosewood timbers.
Table tops, aprons and drawer fronts were created with a variety of decorative details, such as plain edges, rope motifs, fluted, concave and convex surfaces or ripple moulding friezes, a much appreciated element imported from the Low Countries and common in Portugal from 1650, used on their own or combined.
Other “bufetes” of plainer and more unassuming decoration were also produced, sometimes in local timbers, such as chestnut, that could be veneered in a rarer and more valuable timber.
The prodigality in the use of Brazilian rosewood, as well as other dense exotic timbers brought by the Portuguese from the Americas, from Africa or from the Orient, all of exceptional quality, accounts, most certainly, for the durability of furniture pieces and for the exuberance of Portuguese cabinet making, characteristics that separate this production from its contemporary European counterparts.

For similar table see:
PINTO, Maria Helena Mendes, Os Móveis e o Seu Tempo, Mobiliário Português do Museu Nacional de Arte Antiga, Séculos XV-XIX, Lisbon, Instituto Português do Património Cultural/Museu Nacional de Arte Antiga, 1985-1987, p. 60

Bibliography:

BASTOS, Celina, PROENÇA, José António, Museu de Lamego, Mobiliário, Lisbon, Instituto Português de Museus, 1999

FERRÃO, Bernardo, Mobiliário Português, Oporto, Artes Gráficas – Lello & Irmão Editores, 1990. Vol. II

FREIRE, Fernanda Castro, PEDROSO, Graça, HENRIQUES, Raquel Pereira, Mobiliário, Móveis de Conter, Pousar e de Aparato, Lisbon, Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, 2002. Vol. II

PINTO, Maria Helena Mendes, LEITE, Maria Fernanda Mello G. Passos, BARROS, Carlos Vitorino da Silva, Artes Decorativas Portuguesas no Museu Nacional de Arte Antiga, Séculos XV-XVIII, Lisbon, Secretaria de Estado da Cultura, 1979

PINTO, Maria Helena Mendes, Os Móveis e o Seu Tempo, Mobiliário Português do Museu Nacional de Arte Antiga, Séculos XV-XIX, Lisbon, Instituto Português do Património Cultural/Museu Nacional de Arte Antiga, 1985-1987

Elegante mesa bufete datável da segunda metade do séc. XVII, em pau-santo maciço, com três gavetas numa das faces longas.
O tampo retangular de rebordo em meia cana convexa e lisa, com balanço lateral acentuado, assenta diretamente no aro. Este apresenta dez frentes de gavetas, das quais sete simuladas, agrupadas em conjuntos de três em cada um dos lados maiores e aos pares em cada um dos lados menores, alternando com pequenas almofadas em socalcos, elementos decorativos que se repetem também nas próprias frentes das gavetas.
O aro é terminado por elegante friso moldado que encaixa diretamente nas quatro pernas que se destacam do tampo e do aro pelo seu virtuosismo de conceção, claramente ilustrativo da exuberante linguagem barroca deste móvel. As pernas, compostas por grupos contrastantes de bolachas achatadas de vários diâmetros, alternando com estrangulamentos apertados e espirais são interrompidos junto à base por sólidos blocos cúbicos que servem de junta de assemblagem aos travejamentos. Estes de elemento central torneado de onde emergem simetricamente elementos espiralados e bolachas achatadas, fixam-se com parafusos de armar em latão com escudetes no mesmo metal.
Os pés, seguindo as características gerais dos restantes elementos torneados, são compostos por bolachas torneadas.
Nas gavetas, escudetes de fechadura retangulares, em latão recortado e vazado, com decoração de motivos vegetalistas estilizados.
Pela sua singela decoração, cuidada seleção da matéria-prima e mestria de produção esta mesa-bufete é um excelente exemplo desta tipologia, tão apreciada em Portugal durante os séculos XVII e XVIII. As marcas estampilhadas no rebordo das gavetas "Pratt&Sons Guildford”, sugerem que esta mesa terá sido exportada para Inglaterra, onde terá sido vendida por esse retalhista, ativo em meados do século XX em Guidford, Surrey.

De acordo com Bernardo Ferrão, a primeira referência portuguesa a uma mesa bufete, é feita em 1537 no relato das faustosas celebrações do casamento de D. Isabel, filha de D. Jaime, Duque de Bragança, com o Príncipe D. Duarte, irmão do rei D. João III.
Os bufetes, conforme são comummente referidos, são uma tipologia de mobiliário muito popular em Portugal, um tipo de mesa de formato constante mas de dimensão muito variável, abrangendo desde os pequenos exemplares especialmente concebidos para utilização nos estrados onde as senhoras da nobreza se sentavam e conviviam, um hábito islâmico que se mantinha no país ainda no início do séc. XIX, até aos grandes bufetes de seis ou mesmo de oito pernas, como o magnifico exemplar da coleção do Museu de Lamego com quase quatro metros, que se colocavam em átrios e salões, podendo ter várias funções que frequentemente se sobrepunham, como a de mesa de centro, mesa de reuniões ou mesa de escrita.
A partir do séc. XVII são produzidos com pernas e travessas torneadas de maior ou menor elaboração e virtuosismo, conforme o gosto da época, o tipo de encomenda ou a mestria do torneiro, acompanhando a exuberância do Barroco e tirando partido das características da madeira densa e escura do pau-santo brasileiro. Os tampos, os aros, e as frentes de gavetas, aparecem-nos com detalhes decorativos variados, podendo ser de bordo liso, encordoados, canelados, côncavos ou convexos ou emoldurados por frisos de tremidos, um tipo de elemento decorativo importado dos Países-Baixos, muito apreciado em Portugal, e profusamente utilizado a partir de 1650, ou como combinações destes elementos.
Outros há de feição mais simples e decoração mais singela por vezes produzidos em madeiras da terra, como o castanho, que poderá, ou não, ser faixeado em madeira mais nobre.
A prodigalidade na utilização do pau-santo brasileiro, mas também de outras madeiras exóticas que os portugueses trouxeram das Américas, da África ou do Oriente, todas de excecional qualidade, é certamente o fator principal ao qual se deve a durabilidade dos móveis e a exuberância atingida pela marcenaria portuguesa, e que distingue a generalidade do mobiliário nacional dos congéneres europeus seus contemporâneos.

Para exemplar semelhante:
PINTO, Maria Helena Mendes, Os Móveis e o Seu Tempo, Mobiliário Português do Museu Nacional de Arte Antiga, Séculos XV-XIX, Lisboa, Instituto Português do Património Cultural/Museu Nacional de Arte Antiga, 1985-1987, pág. 60

Referências:
BASTOS, Celina, PROENÇA, José António, Museu de Lamego, Mobiliário, Lisboa, Instituto Português de Museus, 1999

FERRÃO, Bernardo, Mobiliário Português, Porto, Artes Gráficas – Lello & Irmão, Editores, 1990. Vol. II

FREIRE, Fernanda Castro, PEDROSO, Graça, HENRIQUES, Raquel Pereira, Mobiliário, Móveis de Conter, Pousar e de Aparato, Lisboa, Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, 2002. Vol. II

PINTO, Maria Helena Mendes, LEITE, Maria Fernanda Mello G. Passos, BARROS, Carlos Vitorino da Silva, Artes Decorativas Portuguesas no Museu Nacional de Arte Antiga, Séculos XV-XVIII, Lisboa, Secretaria de Estado da Cultura, 1979

PINTO, Maria Helena Mendes, Os Móveis e o Seu Tempo, Mobiliário Português do Museu Nacional de Arte Antiga, Séculos XV-XIX, Lisboa, Instituto Português do Património Cultural/Museu Nacional de Arte Antiga, 1985-1987

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Mobiliário

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.