Prato em Faiança Portuguesa

Nº de referência da peça: 
C725

Prato em Faiança portuguesa
Lisboa, 1620-1640
"Pré-Arranhões"
D: 21,5 cm

A Portuguese Faience Plate
Lisbon, 1620-1640
"Pré-Arranhões"
D: 21,5 cm

Prato rodado de formato circular com covo acentuado, aba larga e levantada, assente em frete recuado. Está decorado a azul-cobalto sobre esmalte branco.
No centro sobressai jardim com cerca, pequenos lagos e rochas, e plantas plenas de folhas e camélias de grandes pétalas, limitado por filete em chavetas.
A aba está seccionada em seis reservas que se prolongam pelo covo, numa alternância de boninas e folhas de artemísia com laçarias enroladas em espiral, separadas por selos suspensos em laçadas. Termina em friso liso junto ao bordo.
No tardoz, a aba está também dividida em seis campos / áreas poligonais, com flores esboçadas, separadas por traços verticais. Pé circular com inscrição, ao centro, da letra “G” em azul.
A decoração do prato, em dois tons de azul, segue de perto o modelo da porcelana chinesa de exportação Kraak , do período Wanli (1573-1619). No fundo, versão de jardim tradicional chinês com lago e motivos vegetalistas orientais – cameleiras; na aba, folhas de artemísia – cuja estilização irá dar origem nos meados de seiscentos a produção designada por “aranhões” - e ramos de boninas, ambos inseridos em reservas, e que perdem aqui o seu cariz simbólico e poético, com função meramente decorativa. Reynaldo dos Santos designa esta ornamentação de segundo ciclo evolutivo (1625-1650) , vulgarmente assinalado de “pré-aranhões”.
A propósito da pintura referimos Frei Gaspar da Cruz (1520/70) que, no seu “Tratado das Coisas Da China “ , atesta existir nas “casas ricas”. De acordo com a arte dos jardins tradicionais chineses a presença de água – elemento que lhes dá vida e alma- é indispensável, assim como as flores e as árvores que os vestem com as quatro estações - escolhidas pelo seu simbolismo e função decorativa. “ … Ali têm todos [esses jardins] os alegretes de boninas e cravos e ervas cheirosas” .
Muito interessante é a letra “G” inscrita no verso. Para José Queiroz, indica tratar-se de peça antiga (anterior a 1850) e seria geralmente o “selo” “distintivo dos pintores ou filadores que decoravam a peça” . Já Cabral Moncada, a propósito de exemplar com decoração inspirada na porcelana Wanli, que apresenta a mesma grafia no verso, refere ser, provavelmente, a marca de posse do primitivo proprietário .
Alexandre Pais considera, no entanto, que as diferentes iniciais apostas ao verso das peças, dificilmente se podem atribuir associar a encomendante ou mesmo pintor. Para o historiador são sempre de grande qualidade, quer nas superfícies a branco, não decoradas, quer nos motivos que preenchem a face nobre, de grande minucia e habilidade, com subtis gradações de cor, a azul-cobalto .
Trata-se de peças de excepção, que se assinalaram colocando um elemento de criação ou de carácter possessório. Fica, no entanto, por explicar a razão pela qual esta prática não foi seguida noutros objectos igualmente excepcionais .

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