Ventó

Nº de referência da peça: 
F974

Writing desk (Ventó)
Teak, tortoiseshell, ebony, ivory and gilded copper
Gujarat, Portuguese India State Northern Province,
Early 17th century
Dim. 22,5 x 20,5 x 29,5 cm
Prov.: Luisa Ferreira de Almeida collection
F974

Ventó
Teca, tartaruga, ébano, marfim e cobre dourado
Guzarate, Província do Norte do Estado
Português da Índia, séc. XVII (início)
Dim.: 22,5 × 20,5 × 29,5 cm
F974

Contrary to most furniture typologies that were manufactured in Asia for a European clientele, based on prototypes released by the Portuguese in the Orient throughout the 16th century, this model reflects an Eastern, specifically Japanese origin.

These rare and unusual pieces are known in Portuguese as ventó from the Japanese etymological root bentó. However, in Japan the term bentó, according to the first Japanese-Portuguese dictionary, published in 1603, the “Vocabulario da Lingoa de Iapam”, was and still is today, used to refer to a container to carry food.

Truly, the correct Japanese word for the ventó is kakesuzuri-bako, or “portable writing box”, which, when opening by a hinged door on its narrower side and fitted with safety locks as in a safe box, is generically called tansu or navy storage cabinet, defined as an hinged single door cabinet for seals and valuables, often adorned by intricate metalwork and having various drawers or compartments on the inside.

A rare example of this uncommon, but prized type of Indo-Portuguese furniture, this cabinet is also untypically coated on the whole in tortoiseshell likely to be from the species Hawksbill Turtle (Eretmochelys Imbricata), of which several joined scutes were needed.

Similarly to horn, skin and hair, turtle scutes are made of keratin, a naturally produced and resistant protein and are fused together by a heating process, a characteristic unique to some species of marine turtles, in order to achieve large, uniform surfaces suitable for the decorating of furniture pieces.

The luxurious and sophisticated feature of this type of coating, also used on the drawer fronts, is complemented by the fluted ebony framing and ivory filets whose colour contrast enriches the whole.

The gilt copper metal mounts, particularly the corner pieces, hinges and escutcheon, are stylistically and technically related to the type of metalwork in indo-Portuguese pieces of the 17th C.

“Ventós”, writing boxes and small cabinets were made in Asia from exotic and otherwise expensive materials such as tortoiseshell and ivory - or, as in the present case, combining the two materials - being much admired and avidly sought after in Europe, due not only to their form and exotic character, but also to their technical perfection and decorative lavishness.

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Ao contrário da maioria das tipologias de mobiliário produzido na Ásia para o mercado europeu, seguindo protótipos levados pelos Portugueses no século XVI, este modelo segue uma forma em uso na Ásia, nomeadamente no Japão.
Estas raras peças de mobiliário ficaram conhecidas em português como ventó, de bentó, uma palavra de origem japonesa. Não obstante, o termo japonês bentó, de acordo com a definição do primeiro dicionário japonês-português, o Vocabulario da Lingoa de Iapam publicado em 1603 foi, e ainda hoje é, utilizado para identificar uma caixa para almoço. Na verdade, o termo original japonês para o ventó é kakesuzuri-bako, literalmente "caixa-escritório portátil" que, quando apresenta porta frontal e ferragens como as de um cofre-forte, tornando-o inexpugnável a estranhos, é chamado dansu, ou "arca de navio com gavetas": caixa para selos e valores com uma única porta articulada por dobradiças, normalmente revestida por ferragens complexas e apresentando no interior várias gavetas, ou compartimentos, tal como o exemplo que aqui apresentamos.
Raro exemplar desta incomum e apreciada tipologia de mobiliário, dito indo-português, esta peça apresenta a particularidade de ser totalmente revestida, em todas as faces exteriores, por placas de tartaruga, muito provavelmente da carapaça da tartaruga-de-escamas ou Eretmochelys imbricata. Para a produção de placas destas dimensões foram necessárias várias escamas, sendo visíveis as uniões entre elas, obtidas por meio de calor (autoplasia), uma característica única às escamas córneas desta espécie de tartaruga, conhecida na Europa por caret.
O carácter luxuoso deste revestimento integral, que se repete nas frentes das gavetas, é complementado pelo uso de emolduramentos estriados em ébano, que acompanham as arestas do ventó, ajudando a fixar as placas de tartaruga à estrutura de teca. Finos filetes de marfim que correm ao longo destas molduras e nos entrepanos das gavetas, enriquecem cromaticamente o conjunto.
Curiosamente, a face interior da porta em teca, é decorada por embutidos de ébano e marfim, desenhando um padrão de círculos secantes que se viria a tornar a "imagem de marca" da produção imediatamente posterior centrada em Goa. Aqui, tal como nalguns exemplares ainda quinhentistas, produzidos com boa dose de certeza, em Taná (na actual Bombaim, Mumbai), importante centro de produção de mobiliário de luxo da então Província do Norte do Estado Português da Índia. As ferragens, em cobre dourado, em particular as cantoneiras, dobradiças e espelho de fechadura, relacionam-se igualmente com o tipo de montagens douradas a azougue, recortadas e vazadas que associamos a Goa. Já as ferragens interiores e as gualdras, como também as rosetas que animam a superfície da tartaruga e a fixa, remetem para as produções Quinhentistas apontando a datação deste precioso ventó para os inícios de Seiscentos.

  • Arte Colonial e Oriental
  • Artes Decorativas
  • Marfim, Tartaruga e Madrepérola

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