Caixa de Escrita em Laca do Pegu , Reino do Pégu (atual Mianmar), 2ª metade séc. XVI
Teca/angelim (?), laca, ouro e ferro forjado
10.0 x 24.5 x 18.0 cm
F798
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Provenance
Col. Bernardo B. Melo, Conde de Castro e Solla, Abrantes
Raro e importante escudo de aparato circular (rodela) de madeira exótica (pranchas cavilhadas entre si), coberto por várias camadas de pele animal moldado a quente à estrutura de madeira segundo a técnica do cuir bouilli, posteriormente revestida por laca do Sudeste Asiático ou thitsi a negro e decorada a folha de ouro na frente e no verso. Segundo as análises químicas anteriormente realizadas – através de pirólise seguida de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa – a laca utilizada pode ser identificada como a Gluta usitata, da espécie Melanorrhoea usitata, árvore que tem origem nas regiões da actual Tailândia e Myanmar, outrora reinos do Sião e Pegu, respectivamente.
A decoração a folha de ouro sobre o fundo negro da laca (técnica tiejinqi ou jinqi, chamada haku-e em japonês) é típica das lacas birmanesas e tailandesas, conhecidas por shweizawa e lai rod nam, respectivamente. A frente ou verso é decorada com um grande escudo heráldico, hoje impossível de ler na totalidade dado o desgaste da decoração a folha de ouro sobre campo preenchido por largos rinceaux com "maçarocas" que, tal como os que preenchem a larga cercadura, reproduzem gravuras ornamentais da primeira metade do século XVI. Partido, a leitura do escudo inclui na metade direita seis besantes dispostos em 2, 2, 2, que poderá corresponder a Castro ou Melo. Semelhantes motivos vegetalistas decoram a cercadura do tardoz ou reverso onde se podem observar as armações ou suporte para o braço, revestidas a couro.
Dadas as semelhanças da sua decoração a ouro (shweizawa) com outras peças com origem segura no reino do Pegu, caso de algumas arcas ou caixas-escritório, é seguro afirmar que a origem do centro de produção deste raro escudo – dos poucos que permaneceu até agora em colecção particular – será birmanesa.
Com estrita função de aparato e display, estes escudos ou rodelas surgem representados, por exemplo, nalguns biombos namban, sendo carregados por servidores de nobres, caso dos capitães da nau do trato.
H. M. C.
A decoração a folha de ouro sobre o fundo negro da laca (técnica tiejinqi ou jinqi, chamada haku-e em japonês) é típica das lacas birmanesas e tailandesas, conhecidas por shweizawa e lai rod nam, respectivamente. A frente ou verso é decorada com um grande escudo heráldico, hoje impossível de ler na totalidade dado o desgaste da decoração a folha de ouro sobre campo preenchido por largos rinceaux com "maçarocas" que, tal como os que preenchem a larga cercadura, reproduzem gravuras ornamentais da primeira metade do século XVI. Partido, a leitura do escudo inclui na metade direita seis besantes dispostos em 2, 2, 2, que poderá corresponder a Castro ou Melo. Semelhantes motivos vegetalistas decoram a cercadura do tardoz ou reverso onde se podem observar as armações ou suporte para o braço, revestidas a couro.
Dadas as semelhanças da sua decoração a ouro (shweizawa) com outras peças com origem segura no reino do Pegu, caso de algumas arcas ou caixas-escritório, é seguro afirmar que a origem do centro de produção deste raro escudo – dos poucos que permaneceu até agora em colecção particular – será birmanesa.
Com estrita função de aparato e display, estes escudos ou rodelas surgem representados, por exemplo, nalguns biombos namban, sendo carregados por servidores de nobres, caso dos capitães da nau do trato.
H. M. C.
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