China Trade
Vista do Pavilhão dos Antepassados de Luo Bigzhang, Comemorativa da Obtenção do Grau de Letrado Imperial , China, Reinado Daoguang
óleo sobre tela
46 x 60 cm
Não assinado e não datado
D1916
Provenance
P.C., Espanha
Magnífica pintura de cena do quotidiano no Rio das Perolas, província de Cantão (Guangdong), com várias estruturas arquitetónicas tradicionais cantonesas entre arvores, destacando-se um templo. Na margem do rio dois estandartes e uma banca de venda de flores, rodeada por três chineses envergando trajes típicos da época Qing (1644-1911). Observando esta paisagem idílica, saltam à vista alguns elementos que nos ajudam a identificá-la. Em primeiro plano, na margem do rio e em frente a um templo, que enquadram, duas bases quadrangulares sustentam dois grandes mastros, ambos com um imponente estandarte. A composição centra-se no edifício térreo em pedra para culto, de arquitetura tradicional de Cantão, denominada Lingnan, e que está encostado a um prédio de dois andares com varandim, seguramente uma habitação de família abastada. Trata-se de um templo de veneração dos antepassados de família, que podemos designar por Pavilhão dos Antepassados, sendo a sua presença destacada pelos dois mastros no ancoradouro. Estes pavilhões estão estreitamente ligados à filosofia e cultura confuciana e são dedicados ao culto dos ancestrais, progenitores de importantes famílias, na tradição chinesa. Nas bandeiras encontra-se escrito “Letrado Imperial no ano Ren Chen”. No calendário chinês, os anos Ren Chen são 1772 e 1832, correspondendo aqui seguramente a 1832 – o décimo segundo ano do reinado do Imperador Dao Guang da Dinastia Qing – ano em que a pintura terá sido executada. Efetivamente, em 1832 houve um letrado da corte, de nome Luo Bingzhang (1793-1867), que atingiu o nível máximo que o exame imperial pode conferir a um candidato, o grau de Jinshin, razão pela qual foi nomeado membro da prestigiada academia Hanlin. Luo foi posteriormente vice-governador da província de Hubei (1848), governador de Hunan (1850-53) e vice-rei de Sichuan (1860-1867). Estamos aqui, com grande probabilidade, perante o Pavilhão dos Antepassados da sua família e a inscrição poderá ser uma homenagem da família, honrada com a grande distinção que lhe foi atribuída. Os Letrados Imperiais eram a elite na China Imperial. Com estudos profundos, especialmente em literatura e arte, incluindo caligrafia e textos confucianos, dominaram a administração imperial e a vida local até ao início do século XX.No ancoradouro, junto aos estandartes, um guarda-sol de palha alberga três homens, dois visivelmente populares e o terceiro, que poderá ser um cliente e que rodeiam uma mesa repleta de flores. Já no Rio da Pérola e junto à margem, navega uma sampana, barco de madeira tradicional chinês, também utilizado como habitação e que nos dá a sensação de se preparar atracar. Muito comuns na província de Guangdong, estas embarcações, geralmente conduzidas por mulheres eram, não só a sua casa, mas também o seu meio de sustento. Completam o cenário pequenas edificações térreas, destacando-se à direita, uma em madeira e palha ladeada, onde se encontra uma pessoa a trabalhar. As pinturas de tipo China Trade, são composições pictóricas de influência europeia que representam as zonas portuárias de Cantão, as suas feitorias e o seu quotidiano, do qual esta obra é um exemplo importante.Um agradecimento especial a Martyn Gregory e a Terri Cheung pelas preciosas informações que nos permitiram uma melhor compreensão da obra e a realização deste texto.
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