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Open a larger version of the following image in a popup: Manuel da Cunha Maldonado, Os Enganchados, 1850

Manuel da Cunha Maldonado

Os Enganchados, 1850
aguarela e tinta-da-china s/ papel
39,0 x 27,0 cm
D1900
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Pintura a aguarela e tinta-da-china sobre papel representando cerimónia de penitência Os Enganchados, celebração integrada no ritual Zatrá do templo hindu de Cundaim, aldeia pertencente à Província de Pondá, em Goa. Como indicado na legenda, esta prática anual seria um «doloroso sacrifício voluntário» de quatro indivíduos, com o objetivo de apaziguar os deuses e granjear prosperidade para a aldeia e os seus habitantes. Assinado no canto inferior direito, podemos inferir que o autor foi Mel. da Ca. Maldo, pintor até à data não identificado, e que terá sido pintada no ano de 1850, com indicado no canto inferior esquerdo.A descrição de Os Eganchados publicada em O Encyclopedico, Jornal d’Instrucção e Recreio em 1842 relata a mesma cerimónia, ocorrida a 11 de dezembro de 1841, em Cundaim.As celebrações iniciam-se com o ajuntamento de centenas de aldeões em redor de diversos músicos, que tocam instrumentos metálicos de sopro e percussão. De acordo com o anterior relato, seriam «Arab, Dôll, Sômor, Chinga, Cornon e outros instrumentos gentílicos», em torno da estrutura central da cerimónia. Dois postes de madeira de mangueira (Mangifera indica) com nove metros de altura (vinte côvados), são erguidos à distância de dois metros e vinte e cinco centímetros (cinco côvados), ambos atravessados por colmos de bambu, com um intervalo de quarenta e cinco centímetros (1 côvado), que irão servir de degraus, para permitir a subida ao topo. Os pilares estão unidos por troncos de arequeira (Areca catechu): o superior, serve de eixo a duas estruturas em forma de estrela, com quatro pontas ligadas às extremidades da outra estrela por varas de madeira e, por baixo, uma tábua larga que irá permitir a movimentação dos figurantes.Separado por um socalco, em segundo plano e à direita, observamos um batalhão de infantaria, que teria como propósito o controlo das multidões e, mais ao fundo, um templo em madeira, rodeado de pequenas edificações térreas, para albergar os aldeões que se deslocam para este festejo.Todos os voluntários da cerimónia pertencem à casta Sudra. Os Sudras ou Shudras são a quarta mais baixa, das cinco castas (varṇa) hindus, constituída por camponeses, artesãos e operários. Como recompensa pelo seu sacrifício, os ventureiros e as suas famílias terão direito a «medíocres » porções de terreno de cultivo.Antes da cerimónia, é cortada a barba e as unhas aos quatro voluntários, seguindo-se um ritual de purificação, onde respondem a orações de um ancião, líder da cerimónia de Os Enganchados. Este ritual realiza-se num tanque onde é lançada água sobre as mãos dos indivíduos, que têm os pés nela mergulhados. Após a o ritual de purificação, recebem um Rumal (lenço branco de tecido espesso a ser colocado na cabeça) e um Puruem (pano enrolado à cintura, circundando os quadris), e são coroados com grinaldas de flores (facto curiosamente não evidenciado nesta representação). Uma vara lacrada, imitando uma espada, é oferecida a cada um, que a coloca na mão direita. Também uma corda de linho, com quatro alças unidas por um só nó no topo, lhes é dada para prender aos ferros e, por conseguinte, o nó central à estrutura rotativa de madeira. É- lhes ainda ofertado um preparado de ópio e canábis que fumam, enquanto dançam em redor da construção sacrificial e das edificações, antes de entrar no templo.Ao nascer do sol, precedidos da multidão e dos músicos que tocam os seus instrumentos, os voluntários abandonam o templo, com a corda de linho ao pescoço, os ganchos na mão esquerda e empunhado vara lacrada, na direita.Ligeiramente afastados do local do sacrifício (cerca de trezentos e vinte e oito metros, ou cento e vinte passos) inicia-se a cerimónia de perfuração, em que os quatro são trespassados pelos ganchos. O ferreiro faria furos nas costas com um ferro de bisel, introduzindo o gancho pelo lado oposto.Daqui são encaminhados para o local, que trepam, com alguns ajudantes da mesma casta, colocando-se na tábua por baixo das estrelas. Os joelhos são dobrados e atados, para que os pés não toquem em nenhuma parte da estrutura, tendo o corpo obrigatoriamente de ficar encolhido. Durante este processo inicial, são suspensos pelo braço esquerdo e os companheiros unem a corda de linho ao eixo rotativo da estrutura.Ao largar o braço esquerdo, suspensos somente pelos ganchos, acenam à população, enquanto movimentam a vara com o braço direito (movimento não ilustrado nesta representação). Ajudados pelas pessoas que se encontram na plataforma, dão lentamente três voltas completas, terminando assim o sacrifício. Dois a dois, descem a os degraus e são saudados e abraçados à chegada. Já no interior do templo deitam-se, em decúbito ventral, para lhes serem retirados os ganchos «pela maior parte ensanguentados ».Encontra-se documentado que em Bally e em Sirghão, aldeias da Província de Bicholim, também se realizava esta cerimónia durante o Zatrá . Tanto o Times India através do Dacca News, e o Hurkaru, Jornal de Calcutá mencionam cerimónias onde atos semelhantes aconteceriam: o Zatrá de Concão e o Charak Puja (Churruck Poojah) .Em Goa, as cerimónias Os Enganchados foram proibidas pelo governador José Ferreira Pestana, no seu primeiro governo, em portaria de 6 de dezembro de 1844 (Boletim do Governo, nº 50 de 1844), onde se pode ler: «Não sendo possível que uma Nação civilizada permita que diante de seus olhos se cometam atrocidades, tais como suspender indivíduos por meio de ganchos, perfurando as carnes, (…) mandei chamar a minha presença o escrivão da aldeia de Cundaim de Pondá, a quem fiz saber a desaprovação do governo de Sua Majestade Fidelissima (…)». Esta decisão foi celebrada em diversas publicações como o Archivo de Pharmacia de 1865: «Esperamos que não tarde muito que outros usos e costumes religiosos hindus igualmente repugnantes sejam semelhantemente suprimidos» . No entanto, durante o seu segundo governo, a 9 de fevereiro de 1866, os aldeões de Betqui, Goa, através de Minguel da Costa, solicitaram o restabelecimento desta cerimónia, uma vez que, segundo a sua carta, após a proibição da cerimónia de Os Enganchados várias pragas e calamidades teriam assolado a aldeia . De acordo com este relato, o governo de José Ferreira Pestana teria somente proibido a cerimónia realizada em Cundaim, tendo, noutras aldeias a mesma celebração sido impedida indevidamente pelas autoridades locais . «(…) esta proibição longe de ser proveitosa e benéfica à comunidade e aos mais habitantes da aldeia, tem sido pelo contrário, a fonte de toda a sorte de males e desventuras sucessivas para os habitantes da aldeia, a qual tem sido infligida seriamente por doenças epidémicas, mortandade imensa, absoluta falta de produção nos campos, e a subsequente miséria, e desgraças irremediáveis (…) toda a sorte de calamidades, resultante da secagem das lagoas das águas (…). Segundo a crença antiga, a população se persuade que deve atribuir todos esses males à falta da cerimónia dos enganchados (…)» . Nesta mesma carta o pedido é reforçado pelo facto de «semelhantes práticas existem em outros pontos da India» .O governador José Ferreira Pestana respondeu, a 9 de fevereiro de 1866, rejeitando o pedido: «Quando o tradutor dos desejos dos suplicantes, Minguel da Costa, que este fez, me vier persuadir que da privação do Zatrá dos enganchados em Betqui e que aos suplicantes tem provindo os males, que referem, será possível considerar este requerimento.» (1866, p.50 – archivo de pharmacia) .Minguel da Costa aparentemente não terá respondido ao governante mantendo-se, deste modo, proibida da cerimónia até à atualidade. Uma gravura, ilustrando esta mesma cerimónia, encontra-se no Archivo de Pharmacia e Sciencias Accessorias da India Portuguesa de 1866 (p. 53), gravada por Gonoba Zó (fig. 1).
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