Serviço de chá e de café, 1810 – 1822
Marcas de Ensaiador de Lisboa (L – 38) de José Joaquim da Costa e de ourives AFC (L – 86) atribuível a António Firmo da Costa (1793 – 1824)
Serviço em prata portuguesa, fabrico do prateiro António FIRMO DA COSTA, composto por cafeteira, bule, açucareiro, leiteira e taça de pingos. O corpo bojudo e liso apresenta decoração gravada de friso de grinaldas e ondulados estilizados, com banda de grega junto ao bordo, assentando sobre quatro pés de bola. A cafeteira e o bule têm bicos de forma triangular e tampas em campânula seguindo idêntico tema decorativo, sendo os botões da tampa e as asas em madeira torneada.
De notável qualidade formal, a elegância do conjunto reside certamente na pureza de formas e na singela, embora sofisticada, ornamentação. A forte unidade formal e decorativa, comum aos cinco recipientes, evidencia a beleza da prata lisa reforçada pela decoração gravada simples, em padrões frequentemente utilizados por António Firmo da Costa e que se tornaram característicos dos seus trabalhos mais apreciados. A adoção de formas depuradas e inovadoras, frequentemente despojadas, embora de grande sofisticação formal e técnica, realça a beleza da matéria-prima e embuí a produção da oficina de Firmo da Costa, de um conceito de modernidade ainda muito atual.
De entre os prateiros de Lisboa em laboração na transição do séc. XVIII para o séc. XIX, António Firmo da Costa destaca-se de entre os seus pares, tendo a sua produção atingido, pela primeira vez, inegável qualidade e originalidade, quer em termos de conceção quer de feitura (Matos, M ANTONIA). (1) Com atividade entre 1793 e 1824, Firmo da Costa inicia-se na atividade com apenas 12 anos de idade. Após cinco anos de aprendizagem obrigatória, submete-se a exame para oficial de ourivesaria em 1790. Três anos mais tarde abre a sua própria loja na Rua da Prata em Lisboa. Reconhecidamente exímio na sua arte, será elevado ao grau de mestre aos 22 anos.
Intérprete notável dos princípios decorativos do estilo neoclássico, Firmo da Costa concentrou-se na produção de objetos de prataria civil, particularmente aqueles de uso quotidiano, favorecendo consistentemente a forma e a funcionalidade, bem como o realce da prata como matéria-prima, sobre o excesso ornamental do período que o antecedeu.
Admirado pela Casa Real Portuguesa e pela corte, bem como pela hierarquia da Igreja e burguesia abastada emergente, o seu trabalho está representado em importantes coleções públicas e privadas tais como o Museu Nacional de Arte Antiga, a Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa, e o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto.
Exemplo da sua fama e reputação será o serviço de chá e café em prata, hoje na coleção da Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa, o qual foi adquirido pelo deposto Imperador Napoleão em 1815, aquando da sua passagem na Ilha da Madeira a caminho do exilio na Ilha de Santa Helena. Cada uma das cinco peças do conjunto ostentando o monograma gravado do Imperador, emoldurado por elegantes coroas de louros.
Um serviço muito semelhante ao que descrevemos está publicado no catálogo da exposição monográfica realizada em 2000, na Casa-Museu Anastácio Gonçalves (cat. 11) ( 1)
(1)António Firmo da Costa: Um ourives de Lisboa através da sua obra, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa 2000.
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