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Contador Indo-português com trempe e com as Insignias dos Jesuitas IHS, Goa, séc. XVII

Teca, ébano, sissó, marfim e cobre dourado (ferragens)
111.5 x 58.5 x 38.0 cm
A568
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Contador indo-português em madeira de teca, com embutidos de ébano e marfim, guarnecido por ricas ferragens de cobre recortadas e vazadas, douradas a azougue.

Executado em Goa em meados do século XVII, o móvel foi construído em dois corpos.

O corpo superior ou caixa é paralelepipédico, com dez gavetas simulando doze de tamanho idêntico e distribuídas de forma simétrica em quatro renques. Repousa na trempe, mesa constituída por caixa de duas gavetas apoiada em quatro montantes, com duplo travejamento, que terminam em enrolamento circular sobre pequeno soco rectangular.

A frente da caixa está emoldurada a ébano nas quatro faces e adornados por tachas hemisféricas, tal como as gavetas e os entrepanos. Estas gavetas estão ornamentadas por um par de leões sentados e afrontados, numa composição perfeitamente simétrica de desenho sintético e esquemático, ladeando o espelho da fechadura. Os animais têm os olhos realçados a marfim, como que brilhando, de forma sagaz, vigiando algo ou alguém.

O tampo é constituído por decoração em tapete, onde sobressai o medalhão central com as letras sagradas IHS (Iesus Hominum Salvator – “Jesus Salvador dos Homens”) e as insígnias da Companhia de Jesus – a Cruz e os três cravos da Crucificação, pontuados por cinco estrelas, raiadas em ébano, com o núcleo branco de marfim. Esta reserva está delimitada por dois círculos concêntricos, que a separam de um campo de enrolamentos fitomórficos, inseridos num retângulo. Segue-se uma larga cercadura em banda - que se desenvolve entre duas tarjas lisas - com o mesmo tipo de elementos vegetalistas, neste caso centrados numa cabeça de leão em posição frontal em cada face e com uma flor-de-lis florida e estilizada nos cantos. Termina com faixa larga lisa em ébano.

As ilhargas repetem o mesmo padrão decorativo do tampo. Ao centro foi aposto um medalhão oval em cobre dourado, ricamente recortado e adornado de elementos vegetalistas, de onde emerge a gualdra do móvel.

O tardoz está centrado num círculo dividido em quatro partes iguais com um palmito que nele se apoia, convergindo para o centro. De forma centrípeta, alternam flores-de-lis e palmitos formando uma rosácea. O campo é limitado periféricamente por uma ogiva onde se repetem os mesmos elementos, terminando na banda de ébano lisa.

O corpo inferior do móvel – a trempe ou mesa – tem tampo rectangular, com ligeiro ressalto envolvente - onde encaixa o corpo superior – com os cantos protegidos por ferragens ricamente recortadas e vazadas. Assenta numa caixa com duas gavetas, com molduras e entrepanos em ébano ornamentados por tachas redondas em cobre. A frente das gavetas está decorada com leões sentados e afrontados entre enrolamentos fitomórficos, e as ilhargas centradas pela cabeça do mesmo mamífero rodeada por idênticos elementos vegetalistas.

A caixa está apoiada em quatro pernas de secção rectangular, ligeiramente divergentes e unidas por travejamento duplo, decoradas com uma alternância de dois botões de flor-de-lis opostos e de pequenos círculos e que terminam num fabuloso abutre Jatāyuh enrolado em si mesmo, recortado, vazado e marchetado, sobressaindo uma das suas garras na base do móvel.

Existem dois grupos de móveis-contadores oriundos da India sob patrocínio português[1], ambos reinterpretações autóctones de formas e funcionalidades de protótipos europeus.

Um, mais compacto, em que o corpo inferior assenta sobre Naginis,[2] deusas da fertilidade e prosperidade, guardiãs de tesouros e protectoras dos marinheiros, normalmente representadas com cabeça e torso de mulher, tocando nos seios, e a parte inferior como serpente, numa decoração integral preenchida por círculos secantes ou Diaprés num horor vacui característico de influencia persa; o outro, com forma e decoração semelhante ao nosso contador, sendo este o que se aproxima mais das congéneres europeias.

Referem-se, os escritos e inventários de época, aos famosos contadores feitos “à maneira da Alemanha”[3] de quinhentos, mas que têm também semelhanças com os bargueños ou vargueños espanhóis com a sua forma e decoração de embutidos (taracea granadina), dentro do âmbito da arte mudéjar,[4] que sabemos sobejamente enraizada na arte portuguesa sua contemporânea.

Os contadores indo-portugueses distinguem-se, no entanto, destas últimas raízes ocidentais pela ausência do batente que também servia à escrita, assim como pelo recurso recorrente a madeiras exóticas como o ébano, a teca e o sissó.

Neste contador, a forma da trempe lembra-nos a denominada “mesa filipina” com pernas divergentes, ligadas pelos fiadores em X, e que formavam a estrutura própria de suporte dos, atrás referidos, bargueños; ou mesmo a mesa de tipo “savonarola”, suportada por montantes na forma de “SS”, que veio a evoluir para a chamada “ibérica em pé de lira”[5]. Estas vigoram, certamente, entre os primeiros modelos, artisticamente situados entre o Renascimento e o Maneirismo, que os portugueses levaram para o Oriente.

O princípio decorativo dos próprios contadores mudéjares não era totalmente estranho aos autóctones, dada a sua raiz islâmica.

O mesmo tipo de materiais e decoração surgem em diversas peças de mobiliário existentes em Goa, na sua maioria arcazes de sacristia e outras tipologias relacionadas. Por análise comparativa Pedro Dias afere a esta região, a origem de um vasto grupo de objectos - contadores, armários, mesas bufete e bancas de escrita, entre outros, com idênticas características[6].

O cronista Diogo do Couto (1542-1616) que viveu cinquenta sete anos na India e que se debruçou sobre a vida contemporânea destas paragens refere no seu “Soldado Prático” que no piso térreo das casas dos Vedores de Fazenda de Goa existiam lojas onde torneiros e carpinteiros faziam “escritórios marchetados”[7]. Na época, Goa - a capital do Estado a India - tinha-se tornado num importante centro de produção de bens de luxo, vendidos na rua Direita, a artéria comercial mais importante da cidade, em lojas viradas à rua, localizadas nos andares terrenos de edifícios de dois ou três andares[8].

Na análise dos animais utilizados na decoração deste contador - o leão e o abutre Jatāyuh, de desenhos sintécticos e esquemáticos – compreendemos que foram deliberadamente escolhidos por serem figuras apotrópias orientais que aqui se conjugam, de modo a proteger os bens preciosos que neste móvel se conservam.

O leão surge, repetidamente marchetado, quer aos pares e afrontado quer na representação individual de sua cabeça. Desde tempos imemoriais, é considerado o “rei dos animais” e apanágio de força e nobreza. O leão asiático conhecido em sânscrito como simba foi usado na arte budista como figura protectora do Dharma (lei cósmica e ordem). Na religião Hindu, está ligado aos deuses e deusas, emprestando a sua forma sagrada a Narasimha, incarnação do avatar de Vishnu[9].

Encontramos igualmente as figurações embutidas do abutre Jatāyuh, literalmente “sopro forte”, enrolado sobre si mesmo. Ele é a “ave devota” de Rāma, e um semi-deus da mitologia hindu: rei dos abutres no famoso épico indiano Rāmāyana. Tal como o leão, tem um papel claro de afastar o mal.

Fruto do encontro entre o Oriente e o Ocidente, este raro contador indo-português pleno de contrastes, de sombra e luz, com estrutura de influência europeia – claramente divulgada por via lusitana – alia, o “marchetado” goês de matriz fitomórfica e as figuras apotropaicas de cariz indiano, às insígnias jesuíticas do possível encomendante.

Pela sua qualidade e estado de conservação representa um arquétipo artístico perfeito desta tipologia seiscentista.

TERESA PERALTA


[1] Amin Jaffer, Luxury Goods from India – The Art of The Indian Cabinet-Maker, London, V&A Publications, 2002, p. 57.

[2] https://www.girlmuseum.org/mythological-girls-nagini-manasa/

[3] Viagem de Francisco Pyrard de Laval, (1611), edição de J. H. da Cunha Rivara & A. de Magalhães Basto, Porto, 1944, vol. II, p. 185.

[4] Pedro Dias, Mobiliário Indo-Português, IMAGINALIS, 2013, p. 271.

[5] Francisco E. Oliveira Martins, Mobiliário Açoriano; elementos para o seu estudo, cit. p. 74.

[6] Pedro Dias, Mobiliário Indo-Portugues, (…), pp. 71-82 e 276 – 285.

[7] Diogo do Couto “Soldado Prático”, ed. Ana Maria Garcia Martín, Coimbra, Angelus-Novus – Centro de Literatura Portuguesa, 2009; Apud IDEM, pp. 112-114.

[8] IDEM, Ibidem.

[9] Hugo Miguel Crespo, A Índia em Portugal – Um Tempo de Confluências Artísticas (Cat.), Edição Bluebook, 2021, p. 116.

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Insígnias dos Jesuítas na face superior. Restauros nos cantos e pinos de metal.
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