Caixa-escritório Indo-portuguesa , India, Guzarate, século XVI
ébano, sissó, marfim, osso, pigmento e cobre dourado
17 x 43 x 32 cm
F1382
Further images
Rara gaveta-escritório de estrutura em teca (Tectona grandis), faixeada a ébano (Dyospirus ebenum) e integralmente decorada em tapete, com embutidos de sissó (Dalbergia latifolia), madeira exótica, marfim e osso tingido de verde. Assenta em pés de bola em cobre igualmente dourado a azougue,A face superior apresenta fina moldura de quadrifólios e larga cercadura de enrolamentos vegetalistas, olkde folhas serreadas e flores, com terminais em cabeça de dragão; a pontuar os pontos medianos, grandes rosetas estreladas e nos cantos nāgiṇī - figuras da mitologia hindu representadas com cabeça e torso de mulher tocando os seios, símbolo de fertilidade, e a parte inferior como serpente. O campo central, também emoldurado por fina cercadura de quadrifólios, apresenta uma grande planta florida despontando de um vaso, com pavões afrontados pousados nos seus ramos. A frente, ilhargas e tardoz é ornamentada com enrolamentos vegetalistas de terminais em dragão, que despontam de vasos floridos. Construída como uma caixa, a gaveta apresenta um único compartimento a meia altura, com um escaninho à frente - de tampa basculante e fechadura individual com moldura em ébano - e, lateralmente do lado direito, um escaninho aberto para penas e outros instrumentos de escrita, assim como, um areeiro e um tinteiro, ambos integralmente em ébano; por debaixo deste compartimento, a todo o comprimento da gaveta existem dois segredos. Na verdade, as faces laterais da caixa dão acesso a dois segredos, duas gavetas escondidas, que correm em sentido oposto, ambas com moldura em ébano na frente e com fechadura. Apresenta ferragens vazadas e recortadas, em cobre dourado, incluindo cantoneiras, espelho da fechadura em forma de águia bicéfala ou gaṇḍabheruṇḍa - ave mitológica hindu imbuída de força mágica utilizada para afastar o mal e proteger as preciosidades aí contidas - dois puxadores espiralados e gualdras laterais, produzidas por fundição. Este tipo de gaveta-escritório, replicando modelos europeus quinhentistas e seiscentistas hoje muito raros, foi produzido para exportação com madeiras exóticas, resistentes e de grande efeito decorativo, nos diversos centros produtores de mobiliário da Índia Portuguesa, caso de Goa, Cochim e outras localidades ao longo da costa ocidental indiana. Dado que a documentação portuguesa do século XVI refere a aldeia de Taná, hoje parte da cidade de Mumbai (Bombaim), na qual floresceu uma grande comunidade de artesãos muçulmanos, como a origem de preciosos móveis marchetados, é muito provável que esta gaveta-escritório tenha sido produzida em Taná, então parte da Província do Norte do Estado Português da Índia. Este contador pertence a um curioso grupo de raras peças do mobiliário mais recuado fabricado para o mercado português e identificado apenas recentemente quanto à sua origem geográfica, fontes decorativas de inspiração e contexto histórico de produção. Uma gaveta-escritório com esta forma (17,4 x 44,0 x 36,6 cm) embora de decoração exclusivamente vegetalista e produzida certamente em Goa, pertence ao Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa (inv. 1670 Mov).
Receba as novidades!
* campos obrigatórios
Processaremos os seus dados pessoais que forneceu de acordo com nossa política de privacidade (disponível mediante solicitação). Pode cancelar a sua assinatura ou alterar as suas preferências a qualquer momento clicando no link nos nossos emails.