Salva-bilheteira com pé, Paisagem Vegetalista, "Desenho Geométrico" , Lisboa , 1630-1650
faiança portuguesa
Ø 26 cm
C726
Salva moldada, com covo acentuado assente em pé circular e aba recortada, coberta de esmalte estanífero branco com decoração pintada a azul-cobalto. O fundo é decorado, em primeiro plano, com motivos vegetalistas de carácter chinês, pêssegos e crisântemos estilizados, que brotam de rochas e montanhas, sobre panorama hidrográfico. Esta composição é delimitada por friso poligonal com dez lados, que se repetem no covo formando dupla moldura preenchida por traços verticais e paralelos.Na aba, dez reservas relevadas e recortadas em folhas de cinco lóbulos, ocupadas por pinceladas a cheio e riscas paralelas. Separam-nas gomos moldados salientes, decorados com rostos ou máscaras, centrados entre enrolamentos equidistantes e relevados sobre reservas triangulares, preenchidas com círculos espiralados e ponteados. No tardoz da aba dois filetes paralelos descrevem dez arcos que acompanham o verso das reservas. O pé é circular com frete direito e recuado, desgastado pelo uso. A forma apresenta nítida inspiração nas salvas com pé de orla gomada e recortada da ourivesaria Quinhentista. Aqui, o oleiro molda e decora ingenuamente na aba, rostos, semelhantes a Spagnolletes - cabeças femininas cujo referente encontramos no Renascimento italiano. Ainda que seja bastante notória a ascendência nos vários estilos de faiança europeia contemporânea, a influência mais marcante na salva, é da porcelana chinesa, com decoração bem-adaptada e evidente no centro da salva. De estilo chinês é a paisagem com os seus montes, rios ou riachos pessegueiros e crisântemos, símbolos chineses da imortalidade e da jovialidade. Peça muito cuidada, de grande erudição e sofisticação, dada pela forma moldada de relevos acentuados e ornamentados com várias gradações de azul-cobalto, desde as mais densas às mais suaves, que ressaltam sobre o branco do vidrado estanífero. Ao contrário do óxido de estanho, ou cassiterite, que o oleiro facilmente encontra em território nacional, o óxido de cobalto, obtido por calcinação, que utiliza para a cor azul, era importado e mais dispendioso, dependente do comércio internacional .Apesar de pouco usuais, existem peças idênticas, ainda que feitas em moldes diferentes, no Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo, (invos. 420 e 465), no Museu de Arte Antiga, em Lisboa (invos. 2433 e 2294), no Paço Ducal de Vila Viçosa , e ainda duas salvas desta colecção, Mário Roque (C645;C646).
Join our mailing list
* denotes required fields
We will process the personal data you have supplied in accordance with our privacy policy (available on request). You can unsubscribe or change your preferences at any time by clicking the link in our emails.