Covilhete "Pré-Aranhões" , Lisboa, 1620 – 1640
faiança portuguesa
17,5 x 22,5 cm
C694
Provenance
Dr. Guilherme Moreira, Coimbra
Peculiar bandeja elíptica de covo acentuado e bordo recortado, em faiança portuguesa da primeira metade do seculo XVII, caracterizada por superfície esmaltada a branco estanífero e pintada a azul-cobalto. O centro, definido por filete, é preenchido por paisagem exótica com ramagens, destacando-se a representação de um grande pássaro pousado sobre uma rocha, que atribuímos a um pavão - com a sua crista, os ocelos na plumagem corporal e a grande cauda. A aba é segmentada em seis reservas, preenchidas, alternadamente, por folhas de artemísia com cordões – posteriormente denominados de “aranhões” - e ramos de pêssego, separado por colunelos com laços e selos, prolongando-se esta decoração pelo covo. No tardoz, cinco reservas poligonais ao gosto Ming – Wanli (1563-1620), com apontamentos florais e pé elíptico. O invulgar formato da travessa é inspirado em modelos europeus seus contemporâneos, sendo de nota a graciosidade com que a decoração de influência chinesa da aba, se adapta ao recorte do bordo de feição seiscentista. Esta pequena peça de faiança portuguesa é um excelente exemplo do predomínio do gosto chinês nas decorações cerâmicas do século XVII. O motivo central e a composição da aba pretendem ser uma cópia da porcelana Kraak (1563-1640) aproximando-se desta produção de uma maneira tão fiel quanto possível. A ave no seu ambiente bucólico, as reservas com folha de artemísia – um dos oito elementos budistas, que sugere bons auspícios, já completamente desvirtuada pelo oleiro, que lhe acrescenta pernas, lembrando um aracnídeo - e o pêssego com as suas ramagens, símbolo de fertilidade. E ainda, os cordões duplos e selos que separam as reservas, também eles derivados da porcelana chinesa.A tentativa de conferir uma aparência e uma qualidade idênticas às peças que vinham da China, está ainda assegurada graças à pasta fina bem amassada, à escolha rigorosa do pigmento azul, à extrema pureza e transparência do esmalte e à grande qualidade pictórica da decoração. Invulgares e algo insólitas, estas peças de aba recortada e gomada - recriando as salvas de prata contemporâneas - figuram no acervo de alguns museus portugueses, como o de Artes Decorativas de Viana do Castelo (Inv. 00467-MAD; 00419-MAD; 00420-MAD) e o de Arte Antiga, em Lisboa (Inv. 2366 Cer).
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