Cofre de tartaruga loura , Índia, Guzarate, séc. XVI
tartaruga, montagens de prata
14,0 x 29,5 x 18,0 cm
F1375
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Raro cofre quinhentista, de corpo paralelepipédico e tampa ondulada, canelada, totalmente executado com placas de tartaruga translucida de cor dourada com as características manchas que associamos tradicionalmente a este material exótico seguindo uma das mais raras tipologias europeias de cofres que os artífices guzarates copiaram neste material.O protótipo terá sido um exemplar francês, em cuir bouilli (madeira revestida a couro lavrado) do século XV da colecção do Musée de Cluny-Musée national du Moyen Âge, Paris (inv. NNI 952). À semelhança de outros cofres produzidos para custodiar pequenos, mas muito dispendiosos livros de horas iluminados, esse cofre de Paris apresenta a fechadura num dos lados menores, o que nunca ocorre nos exemplares guzarates conhecidos. O seu usual sistema de bandas de ferro é aqui sublinhado pelo perfil ondulado ou canelado da tampa tripartida. Realçamos as montagens em prata, que protegem todas as arestas da caixa, e que provavelmente terão sido aplicadas já em Goa. O especto mais curioso e único é a decoração de frisos de ondeados de inspiração timúrida persa, que preenchem todas as cintas de prata, incluindo as cantoneiras recortadas e cobrem integralmente as ilhargas da tampa. Esta decoração relevada foi produzida de forma expedita fazendo uso de matrizes em metal, provavelmente bronze ou ferro, uma solução comum à ourivesaria e joalharia indiana. As bandas são fixas ao cofre através de grandes balmázios ou pregos de prata, de cabeça em estrela igualmente produzida através de matriz. A fechadura é em caixa quadrangular e a lingueta com forma característica em lagarto, sendo a sua decoração ondeada produzida não através de matriz, mas sim repuxada e cinzelada. As montagens de prata incluem asas nas ilhargas e topo da tampa, produzidas por fundição, com terminais em cabeça de lagarto ou serpente (cabeças de serpente engolindo cabeças de lagarto) finamente cinzelados. As três dobradiças no tardoz, produzidas através de matriz, são recortadas em palmeta, também de repertório timúrida. Utilizado originariamente como guarda-joias, este raro e precioso cofre foi provavelmente adaptado a uso religioso posteriormente. A quase totalidade do interior foi coberto de fina chapa de prata martelada e o interior da tampa apresenta uma cruz grega cujos terminais são em concha de vieira, com escudo de armas no centro. Estas podem ser identificadas com as armas medievais do reino de Maiorca embora o coronel que as sobrepuja corresponda à dignidade de conde. Esta configuração heráldica é incongruente, provavelmente revivalista e datando do século XIX. As montagens apresentam-se marcadas em diversos sítios com punção “cabeça de velho”, usado em Portugal desde 1886 para peças de valor artístico ou arqueológico.Uma das mais antigas referências documentais a cofres de tartaruga, a exemplares concretos, mas hoje desaparecido, é o que surge no inventário post mortem de Afonso de Castelo Branco, meirinho-mor da corte, de 1556: “hũu quoffre de tartaruga guarnjcido de prata vall - dois mil reais”.
Provenance
Col. Pedro Costa (1870-1958), Lisboa.Join our mailing list
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