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Menino Jesus Deitado Sino - português , China, séc. XVII / 17th c.

marfim
12,5 cm
F1427
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Menino Jesus Dormindo produzido no sul da China, durante as primeiras décadas do século XVII. Magistralmente entalhado em marfim de elefante, o Menino está representado nu, numa postura reclinada em decúbito lateral direito, com o rosto e o torso em supinação (voltados para cima). Os membros inferiores são assimétricos, formando uma “posição em quatro” ou “torção semi-reclinada”, com a perna direita praticamente estendida e a esquerda fletida. A colocação dos membros superiores é igualmente distintiva: a mão esquerda repousa sobre o peito, enquanto o braço direito está dobrado, com a mão quase a tocar a têmpora.
Esta pose subtil tanto transmite serenidade, como um delicado dinamismo. O alinhamento relaxado dos membros inferiores sugere um estado de vulnerabilidade; a mão esquerda evoca introspecção e a direita, na têmpora, um gesto pensativo ou protector. A assimetria do corpo - perna dobrada sobre a outra e braço a tocar a têmpora - sugere uma subtil alusão à futura Paixão. Por outro lado, a rotação sugere um estado intermédio - nem em completo em repouso, nem totalmente alerta - paralelo ao papel do Menino como intermediário entre o Céu e a Terra.
No contexto da missão jesuítica na China, na passagem do século XVI para o século XVII, a postura reclinada e vulnerável simbolizaria a humanidade de Cristo, prefigurando a Sua Paixão, em consonância com os esforços jesuítas para enfatizar a Salvação através do sofrimento. A refinada representação de Jesus, combinando serenidade e dinamismo, expressa a sua natureza dual como divino e humano, alinhando-se com os ideais neo-confucionistas chineses de harmonia (hé) entre os reinos espiritual e material.
Talhada em luxuoso marfim com elevado nível de sofisticação artística, esta pequena estatueta terá por certo cativado as sensibilidades estéticas chinesas, facilitando a acomodação cultural e reforçando a sua eficácia na devoção privada e na instrução teológica. Através das suas qualidades tácteis e simbólicas, esta figura promoveria a oração meditativa, deste modo transmitindo visualmente os princípios fundamentais do Cristianismo.
A iconografia do Menino Jesus dormindo parece ter sido concebida por Giacomo Francia (c. 1447-1517) nos inícios do século XVI, numa gravura onde é representado como tendo adormecido sobre a cruz. Numa tabuleta acima do Menino, lê-se a inscrição latina “Ego dormio et cor meum vigilat”, um versículo do Cântico dos Cânticos (5:2): “Eu durmo, mas o meu coração vela”; e abaixo, junto à coroa de espinhos (um dos Arma Christi), numa filactera lê-se “In somno meo requies”, ou “No meu sono, encontro descanso”. No entanto, essa atitude é bastante diferente da posição do marfim chinês, sendo representada na gravura em decúbito lateral esquerdo, ligeiramente virado para baixo, com os membros inferiores e superiores dobrados, utilizando os braços como almofada. Aludindo à alma contemplativa que permanece vigilante mesmo quando o corpo dorme, a gravura pode ser interpretada em termos marianos, como uma alusão ao papel protector assumido por Maria, consciente do destino do seu filho desde o momento do seu nascimento.Esta associação mariana pode também ser observada em gravuras europeias dos finais do século XVI, que se sabe terem circulado na Ásia e servido de modelo para representações locais. Entre elas encontra-se O Sono de Jesus, de Hieronymus Wierix, provavelmente publicado pouco antes de virado o século XVII. Esta iconografia aparece também numa pintura de 1591 de Francesco Vanni (ca. 1563/1564-1610), destinada ao cataletto da Compagnia di Santa Caterina em Siena, que Vanni reproduziu depois numa gravura de 1598, acompanhada da inscrição latina “Ego dormio e[t] cor meum vigilat’. As muito influentes e amplamente difundidas gravuras dos irmãos Wierix devem ter fornecido a inspiração para o gesto de tocar a têmpora direita, tal como vemos na nossa estatueta chinesa. Baseando-se numa gravura anterior de Diana Scultori (1547-1612), Hieronymus publicou uma gravura intitulada Origo casti cordis (“Origem do coração casto”), que apresenta também o mesmo texto bíblico.
Na Península Ibérica, este tema e iconografia conheceram maior desenvolvimento pelo renomado pintor barroco Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682), activo em Sevilha. Murillo criou uma série de imagens que retratam a infância de Jesus que, com o tempo, se enraizaram de forma profunda na arte espanhola, tanto na pintura como na escultura. As suas variações sobre o tema - incluindo uma pintura de ca. 1660 no Museu do Prado, Madrid (inv. P001003), que representa o Menino Jesus numa postura semelhante, com as pernas dobradas e a mão esquerda sobre o peito - incorporam com frequência atributos do seu martírio, prefigurando a sua Paixão e morte. Estas obras funcionavam então como metáforas visuais, concebidas para levar o espectador a reflectir sobre temas teológicos profundos.
É possível que esta figura do Menino Jesus adormecido repousasse originalmente numa almofada entalhada em marfim ou, em alternativa, sobre uma base de madeira esculpida, semelhante às encontradas em raras figuras coevas do Menino Jesus Bom Pastor Adormecido. Outro Menino Jesus Adormecido, representado como o Bom Pastor (19,4 cm de comprimento), com uma túnica de lã aberta e a almofada original com suas quatro borlas, é conhecido e foi publicado enquanto rara peça chinesa de Seiscentos. Em tudo comparável quanto à qualidade do entalhe e idênticos pormenores estilísticos, como as covinhas dos nós dos dedos, é uma estatueta (16,4 cm de comprimento) da colecção do já desaparecido arquitecto português Fernando Távora (1923-2005) no Porto. Tal como a nossa, esta figura também não apresenta almofada.
A origem chinesa desta rara escultura em marfim é evidente no estilo distintivo que apresenta, em particular nos caracóis do cabelo, que se assemelham aos que encontramos em marfins chineses corretamente identificados. Entre eles encontra-se uma importante estatueta em marfim (19,5 cm de altura) no Museu Hermitage, em São Petersburgo (inv. ЛН-939), que representa Avalokiteśvara, o bodhisattva da Compaixão, conhecido localmente como Guānyīn, literalmente “Aquele(a) que percebe os sons (clamores) do mundo”. Reflectindo desenvolvimento posterior da iconografia de Guanyin, esta figura do Hermitage apresenta-se sentada e segurando uma criança do sexo masculino, um tipo conhecido como Guanyin Portadora de Filhos (Sòngzǐ Guānyīn).
Na viragem para o século XVII, durante a crescente presença de missionários católicos no sul da China, mulheres chinesas estéreis rezavam à Virgem Maria por filhos, sendo provável que esta iconografia local possa ter sido concebida enquanto representação ambígua da Virgem com o Menino. Os missionários jesuítas referiam-se a Guanyin como a “Deusa da Misericórdia”, sublinhando os paralelos entre a sua iconografia e a de Nossa senhora. De forma notória, o penteado da Guanyin do Hermitage, com seu entalhe linear, bem como o tratamento do nariz, das pálpebras e da boca, aproxima-se bastante dos estilemas escultóricos que observamos no nosso Menino Jesus Dormindo.

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