Arcanjo São Miguel
The Archangel Saint Michael
Ivory with evidence of polychrome and gilt decoration
Philippines, 17th century
H.: 15.5 cm
Prov.: Gonçalo Silva, Spain
Marfim, vestígios de policromia e ouro
Filipinas, séc. XVII
Alt.: 15,5 cm
Prov.: Gonçalo Silva, Espanha
Finely carved ivory sculpture with evidence of polychrome decoration, particularly to the hair, eyes and lips, this small image, conceived for private devotion, depicts the Archangel Michael prevailing over evil.
This specific iconography refers to the Biblical Book of Apocalypse (12:7-9) in which the Archangel arises as General of the Armies of God against Satan and his angels which will eventually be defeated in this celestial war. It is this victory against evil, depicted as a female faced chimera of snake or dragon tail that is captured in a symbolic allusion to the paganism encountered by missionaries in Spanish controlled territories in Asia.
Saint Michael is standing – and missing the wings that would have originally been fitted to his back - with loose hair and stepping on the devil’s abdomen while attacking it with a spear held in his right hand. As would be expected, in his left hand he should also hold a scales, for weighing the souls, or a shield. Both attributes, now missing, would have been made in precious metal.
Dressed in an interpretation of Ancient Rome military attire, the Archangel features a part rolled up tunic, leather cuirass all’antica, cingulum militare with baltea or pending bands, shoulder band (focale) and leather boots (botines), An iconography much appreciated in the Philippines, the production centre for this image, the Archangel would become in 1645, by Royal Decree, the territory Patron Saint. Widely copied, various examples of identical iconography are well known, some produced in large sizes and modelled from contemporary Spanish prototypes in Manila by Chinese artisans or mestizos of Chinese origin.
On account of their dimensions, some of the most relevant ivory examples of this Hispano-Philippine iconography can be found at Badajoz Cathedral and at the Church of Santa Maria de Conxo in Santiago de Compostela.
Finamente entalhado em marfim, com vestígios de policromia e douramento em especial nos cabelos, olhos e lábios, esta pequena estatueta, certamente para devoção privada, representa o Arcanjo São Miguel triunfando sobre o Mal.
Esta iconografia refere-se ao livro bíblico do Apocalipse (12:7-9), no qual o arcanjo Miguel, surge como general dos exércitos de Deus contra as forças de Satanás e seus anjos, derrotando-o nessa guerra celestial. É essa vitória contra as forças do mal, em particular contra Satã - aqui figurado como quimera de rosto feminino e cauda de serpente ou dragão - que se representa, simbolizando o paganismo encontrado pelos missionários no trabalho de evangelização na Ásia sob domínio espanhol.
O arcanjo está representado em pé (sem as suas asas originais, que seriam assembladas na parte posterior), de cabelos soltos, calcando com os pés o ventre do Diabo, enquanto lhe acometeria com uma lança com a mão direita. Deveria segurar ainda uma balança na mão esquerda, com que pesa as almas ou o seu escudo (atributos, na origem em metal precioso, hoje ambos perdidos).
Trajando uma interpretação do vestuário militar da Roma Antiga, O arcanjo Miguel, enverga túnica arregaçada descobrindo os joelhos, couraça all’antica de couro, o cingulum militare com suas baltea ou bandas pendentes, lenço (focale) a tiracolo, e botas (botines) em couro.
Trata-se de uma iconografia muito apreciada nas Filipinas - o centro de produção responsável pela sua feitura -, onde o arcanjo São Miguel, a partir de uma cédula régia de 1645, veio a ser patrono das Filipinas.
Conhecem-se diversos exemplares desta iconografia, alguns de grandes dimensões e modelados em protótipos coevos espanhóis, produzidos por artesãos chineses ou mestizos de origem chinesa em Manila nas Filipinas.
Alguns dos mais extraordinários exemplares desta iconografia hispano-filipina em marfim, pela dimensão que apresentam, encontram-se na Catedral de Badajoz, e na Igreja de Santa María de Conxo em Santiago de Compostela.
Hugo Miguel Crespo
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