Canapé Império

Nº de referência da peça: 
A559

An Empire Period Settee, attributed to Pierre-Benoît-Marcion
Carved and gilt beech
France, 19th century (1805-1810)
Dim.: 98.0 x 228.0 x 66.0 cm
Stamped mark: “LB” surmounted by ducal coronet
Hand written paper label: “Salon de Musique”
Provenance: Duchess of Bourbon - Louise Bathilde of Orleans (1750-1822); Princess of Orleans – Eugènie Adélaide Louise of Orleans (1777-1847); Count of Paris – Henri Robert Ferdinand Marie of Orleans (1908-1999); Ricardo do Espírito Santo Silva (1900-1955); Rita do Espírito Santo Silva Leite de Faria (1927-2020).

Canapé Império Atribuído a Pierre-Benoît- Marcion
Madeira de faia, entalhada e dourada
França, séc. XIX (1805-1810)
Dim.: 98,0 x 2,280 x 66,0 cm
A559
Marca estampada: “LB” sob coroa ducal
Etiqueta: “Salon de Musique”
Proveniência: Duquesa de Bourbon - Louise Bathilde d’Orléans (1750-1822); Princesa de Orleães – Eugène Adélaide Louise d’Orléans (1777-1847); S.A.R. o Conde de Paris – Henri Robert Ferdinand d’Orléans (1908-1999); Ricardo do Espirito Santo Silva (1900 – 1955); Rita do Espirito Santo Silva Leite de Faria (1927 – 2020).

French First Empire gilt beech settee of robust straight design, with elegant carved decoration and a single continuous long seat that alludes to a “canapé-lit”, or even to what is known in France as a “turquoise” .
The tall, mildly inclining back panel, fully upholstered and framed by carved crest and uprights, is decorated with peripheral sequences of two delicate four-petalled flowers that alternate with floral rosettes.
The equally upholstered side panels, supporting the straight “manchette” arms, join the back uprights via carved cantilevered elements decorated with Empire scroll and palmette motifs. The arms supports, extending vertically from the front legs, are characterised by columns of striated capitals and water foliage bases. These rest on parallelepiped elements adorned, to the front and sides, by two opposed “S” motifs surmounted by lotus flower and four-petalled finial.
The apron rail, curved on the settee’s front, is defined by an ornamented frame carved with compositions of central buttons flanked by two opposing and symmetrical lotus flowers ending in straight, fishbone shaped, palm branches . These decorative elements, alternating with floral buds, are frontally repeated in a sequence of four, marking equal number of seats. The corner joints are reinforced by solid square blocks adorned with a framed multi-lobate flower.
The five frontal legs, of truncated cone shape surmounted by striated or serrated decorative elements, terminate above the foot on centrifugal rings . Contrary to these, the solid back legs are of square section and gently curving backwards, those in the corners being inclusive of the back upright elements. The upholstered and rigid seat, characteristic of the Empire style, is lined in a later textile fixed to the apron and finished off with continuous braiding of identical colour.
Stamped onto the inner apron rail, the ownership mark “LB” surmounted by ducal coronet and a paper label inscribed “Salon de Musique”. These marks date from between 1815 and 1822, respectively the year in which the Duchess of Bourbon - Louise Bathilde de Orleans (“LB”) (1750-1822) – acquires the Hotel de Matignon – current official residence of the French Prime-Minister – and the year of her death. The contents of this house will eventually be inherited by her niece, Louise Marie Adélaide Eugènie d’Orléans (1777-1847), known as Madame Adélaide, King Louis Philippe I’s (r.1830-1848) sister, who, in 1845, will have them transferred to the Chateau of Arc-en-Barrois . As stated in the paper label referred above, this superb settee came from the Duchess’s Music Room .
As well as many other important furniture sets, the settee and the accompanying chairs and fauteuils will remain in this Orleans family home up until the onset of World War II, when the then Count of Paris - Henri Robert Ferdinand Marie of Orleans (1908-1999), pretender to the French throne, moves the Chateau’s entire contents elsewhere to avoid looting by the occupying German armies. In 1948, following the sale of part of the collection in Switzerland, the remaining estate is transferred to Portugal, in order to furnish the Orleans’s family Quinta do Anjinho home, in Sintra. The Count of Paris will later sell some of these pieces to his friend, the banker Ricardo do Espírito Santo Silva.
The businessman and art collector António de Medeiros e Almeida (1895-1986), will also acquire four fauteuils and two settees identical to the one herewith described, albeit smaller, which are now kept at the Medeiros e Almeida Museum, in Lisbon. The furniture expert Franck Baptiste has attributed this group to the renowned Empire furniture maker Pierre-Benoît-Marcion (1769-1840) . As such, it seems pertinent to assume that our settee, a masterly example of a seat characteristic of the period, can also be attributed to this ébeniste, one of Napoleon’s best known suppliers, and one that also included amongst his patrons major figures of the highest Imperial hierarchy.

Canapé em faia dourada com do Primeiro Imperio Francês, de linha rígida e maciça, com decoração entalhada e assento único e corrido, lembra um “Canapé-lit”, ou mesmo, o que os franceses denominam de “Turquoise” .
O espaldar alto, ligeiramente inclinado ao exterior, é estofado, com moldura entalhada no cachaço e laterais decorada por uma sequência de duas flores quadrilobadas que alternam com roseta floral.
As ilhargas laterais, também estofadas, suportam os braços rectos, com encaixe de manchetes, que se unem ao espaldar por modilhões entalhados, com enrolamento e palmeta de cariz Império.
Os suportes dos braços desenvolvem-se no prolongamento dos pés dianteiros. São formados por colunas de capitel estriado e base ornamentada com folhas de água. Estão apoiadas num paralelepípedo adornado, na frente e ilharga lateral, por dois “S” afrontados e opostos, sob flor de lótus terminada por quadrilóbulo.
No assento, o aro da cintura que une as prumadas é ligeiramente abaulado. Está limitado por moldura ornamentada, na frente e nas ilhargas, com composição formada por botão central entre duas flores de lótus, opostas e simétricas, terminadas por raminhos de palmas, retilíneos, em espinha de peixe . Estas decorações estão separadas por botão floral, e repetem-se demarcando quatro lugares, à frente. Os cantos são assinalados por moldura quadrada adornada com flor desabrochada polilobada.
As cinco pernas dianteiras são em forma troncocónica encimada por estriados ou serrilhados, sobressaindo, um anel centrífugo na sua base. As posteriores são de secção quadrada e ligeiramente encurvadas para trás, e as exteriores prolongam-se nos montantes, que estão integralmente emoldurados.
O assento, acolchoado e rígido, específico do estilo Império, está forrado em tecido recortado e cravado no aro, cercado por galão contínuo da mesma cor. No interior do aro da cintura destaca-se a marca “LB” sob coroa Ducal e uma etiqueta com a seguinte referência “Salon de Musique”.
A peça terá sido marcada entre 1815 e 1822, ou seja a data em que a Duquesa de Bourbon - Louise Bathilde d’Orléans (“LB”) (1750-1822) adquire o Hôtel Matignon- hoje a residência oficial do Primeiro-ministro francês - e a data da sua morte. A herdeira de todo o mobiliário desta residência foi sua sobrinha, Eugène Adélaide Louise d’Orléans (1777-1847) - irmã do rei Louis Philippe (r. 1830-1848) também denominada “Madame Adelaide” – que mais tarde o transfere (1845), para o Castelo de Arc-en-Barrois . Este canapé ocupou, certamente a “Sala de Musica” da Duquesa de Bourbon como afere a etiqueta adoçada ao aro da cintura .
Este mobiliário manteve-se na mesma Família até S.A.R., o Conde de Paris – Henri Robert Ferdinand Marie d’Orléans (1908-1999), retirar todo o recheio do Castelo por altura da 2ª Guerra Mundial, de modo a evitar as pilhagens por parte das tropas alemãs. Em 1948, após a venda de alguns bens num Leilão na Suíça, transfere para Portugal o restante espólio para mobilar a sua residência em Sintra, a Quinta do Anjinho, e posteriormente vende algumas destas peças, dando preferência ao seu amigo e banqueiro Ricardo do Espirito Santo Silva.
Sabemos que, no ano seguinte, o Conde de Paris vende ao empresário português António Medeiros de Almeida (1895 – 1986) quatro cadeiras de braços e dois canapés idênticos a este canapé, quer no seu aspecto formal quer estético, embora mais pequenos, mas com a mesma proveniência e que fazem parte atualmente do acervo da Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa. Franck Baptiste atribui este mobiliário a um dos mais relevantes ebanistas, do Primeiro Imperio Francês, Pierre-Benoît- Marcion (1769-1840) .
Torna-se portanto exequível conferir a autoria deste canapé ao mesmo ébeniste, frisando a sua enorme importância como assento característico deste período, elaborado por um dos principais fornecedores de Napoleão I, para uma aristocracia que seguia a “moda” imposta pelo Imperador.

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Mobiliário

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.