Nossa Senhora do Rosário

Nº de referência da peça: 
F1254

Plaque — Our Lady of the Rosary
Ivory
The Philippines, Manilla, 17th century
Dim.: 16 x 10 cm
Prov.: P.C., Lisbon

Marfim entalhado
Filipinas, Manila, séc. XVII
Dim.: 16 x 10 cm
Prov.: Colecção Particular, Lisboa

A rare high quality and big size rectangular ivory oratory plaque, encased by a plain framing abasement. In the center a detailed low-relief depicting Our Lady of The Rosary crowded and fully encircled by a rosary. The Virgin, holds a crowded Baby Jesus in her left arm and both holds a rosary on their hand.

The Virgin has an elegantly tapered, face long eyes, fine tight lips, delicately hooked nose, the air covered, in a Chinese iconography, which extends, the long, simple and carefully worked and detailed vestment.

Baby Jesus is seated in an Oriental manner, vested in a simple tunic without decoration and shows the seated form and crossed legs, in the Chinese fashion.

The piece presented here receive the influence of the European style while showing the influence of the Buddhist model of the image of the Baby Jesus as The Good Shepherd: Jesus seated with legs crossed, not standing on their feet as in the Mechelen Babys and the overall aspect of the posture of deep contemplation.

Two angels holding the rosary fill the upper corners of the composition and, in the bottom, another winged cherub is also holding the central scene, in a characteristically Chinese influenced interpretation. On the top of the rosary a pelican overlook the representation, symbolizing the Holly Spirit.

On the bottom of the plaque, in the left side Saint Dominique, with the dog carrying a candle and in the right St Jerome with the cross and the globe. In the landscape two buildings in the Jerusalem manner and in the heaven many clowns in a Chinese way.

This plaque can be confidently included in the group of typically 17th century imagery used in the spreading of the Christian cult and the praying of the Rosary, promoted in Europe from the mid-15th century onwards and popularized in the 17th century, when the demand for this specific imagery was at its height and widely available in a variety of media such as loose engravings or illustrations in prayer books, which is here reinterpreted by the Chinese workshops.

Esta placa delicadamente entalhada em marfim foi produzida por artesãos chineses ou mestizos de origem chinesa em Manila nas Filipinas, concebida enquanto suporte visual para práticas devocionais promovidas tantos pelos jesuítas como pelos franciscanos e outras ordens religiosas na Ásia, no seu trabalho missionário e, também, como objectos para exportação, nomeadamente para a América Central e do Sul, e para a Península Ibérica.
Descobertas arqueológicas recentes, nomeadamente do naufrágio de um galeão de Manila, o Santa Margarita (1601) ao largo das ilhas Marianas (Ladrones), oferecem uma riqueza de informação sobre a cronologia e produção de esculturas devocionais de marfim feitas por mestres entalhadores chineses e filipinos nas Filipinas nos inícios do século XVII. Trata-se de uma produção que, de facto, antecede em meio século a produção de escultura ebúrnea em Goa.
Esta placa, de remate acuminado e provavelmente secção central de um tríptico, notável pela qualidade do entalhe, fazendo sobressair por vezes, e perigosamente dada a fragilidade do material ebúrneo, certos elementos iconográficos em relação ao fundo, apresenta uma cena sem dúvida fielmente copiada de uma gravura hoje desconhecida.
Assim, ao centro, dentro de uma moldura oval que é também um rosário ou terço, com suas seis contas maiores (apenas quatro visíveis) em forma de rosa florida com suas folhas, e seis dezenas das mais pequenas, vemos Nossa Senhora do Rosário (coroada e assente no crescente lunar) com o Menino, cada um com seu rosário, ladeados por anjos que seguram o grande rosário, e encimados pela pomba do Espírito Santo e no topo uma fiada de novelos de nuvens tipicamente chinesas.
Esta cena central é ladeada por casario, que funciona como pano de fundo verista para a cena abaixo aqui descrita: à esquerda e em primeiro plano, São Domingos ajoelhado com seu livro ao peito, e com o cão segurando a tocha acesa, elemento simbólico da ordem dominicana; à direita, São Francisco de Assis, com Crucifixo ou Cruz de São Damião e seu hábito franciscano; entre os dois santos um orbe encimado por cruz, simbolizando o domínio espiritual do rosário.
A presente placa é em tudo semelhante à secção central do encaixilhado em moldura de ébano com aplicações de prata dourada, que pertence ao Museo de América, Madrid (inv. 12.251), o que sugere que ambas as esculturas terão sido produzidas numa mesma oficina, com base no mesmo modelo gravado.
Uma placa com o mesmo modelo gravado e com a particularidade de possuir um tímpano semicircular com a figuração do Espírito Santo, foi recentemente publicada. Embora mais complexa na sua iconografia, refira-se a existência de um desenho original de Maarten de Vos (†1603) desta temática, hoje no British Museum, Londres (inv. 1946,0713.1050), que serviu de modelo à placa central de um tríptico filipino em marfim, desta cronologia, recentemente publicado.

Hugo Miguel Crespo

  • Arte Colonial e Oriental
  • Arte Cristã
  • Marfins

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.