Par de Fauteuils

Nº de referência da peça: 
A557

Pair of Fauteuils
Carved and gilt beech
France, First Empire (1805-1810)
Dim.: 98,5 x 63,0 x 56,5 cm
Stamped mark: “ARC
Provenance: Princess of Orleans – Eugenie Adelaide Louise of Orleans (1777-1847); Count of Paris – Henri Robert Ferdinand Marie of Orleans (1908-1999); Ricardo do Espírito Santo Silva (1900-1955); Rita do Espírito Santo Silva Leite de Faria (1927-2020).

Par de Fauteuils
Madeira de faia, entalhada e dourada
França, Primeiro Império (1805-1810)
Dim.: 98,5 x 63,0 x 56,5 cm
Marca estampada: “ARC”
Proveniência: Princesa de Orleães – Eugène Adélaide Louise d’Orléans (1777-1847); Conde de Paris – Henri Robert Ferdinand Marie d’Orléans (1908-1999); Ricardo do Espírito Santo Silva (1900 – 1955) ; Rita do Espirito Santo Silva Leite de Faria (1927 -2020).

A pair of carved and gilt beech fauteuils dating from the First French Empire period. Of almost quadrangular plan and depurated straight lines, they are impressive for their sharply defined edges and well-proportioned volumes.
Square shaped and upholstered, the mildly inclined back, said “à la Reine”, is surmounted by a long rectangular crest bar. Defined by its evident symmetry, the decorative composition features, at the top of each upright, a carved inverted palmette. The straight, framed crest, finished off at the top by a half-round bar trim, is centred by a four-petalled floral bud flanked by two palmettes and terminated by peripheral floral element, in a composition characteristic of the Empire style.
Of circular section and upholstered manchettes, the straight horizontal arms are joined to the chair backs by scrolled blocks of carved water foliage decoration. Towards the front they finish in blocks of five rings with low-relief medallions, depicting busts of muses, crowning the truncated cylindrical columns emerging upwards from the front legs. These are surmounted by lambrequin, double ring and Egyptian inspired lotus flower capital, flanked by two palmettes, the lower section featuring frieze of simplified lotus. The stylised and framed acanthus feet are inserted in lotus flower ring.
The fauteuils fully framed apron rail merges with, and extends over, the prominent and imposing front leg uprights. It is punctuated, both at the front and sides, by small carved multi-lobate flowers. The upholstery retains its original webbing, and the seat, typical of the Imperial age, is textile lined, rigid and of sharp edges. The back legs, forming a single element with the chairs back uprights, are square sectioned and curving backwards, in a type known as “sabre” or “Etruscan”.
Epitome of the Imperial Period, the generic design of these fauteuils follows a well-defined ancestral prototype, albeit reshaping the trapezoid seat that becomes squared and more solemn in tune with the contemporary ideals. From the onset of the Consulate style, also referred to as “Retour d’Egypte”, Egyptian decorative motifs were blended with the pre-existent classical Greek and Roman elements. Additionally, from 1806, following the continental blockade t France, mahogany, either solid or veneered, is part replaced by local timbers – walnut, cedar, beech or fruit woods – usually painted or gilt, the latter finish particularly used in the case of court furniture pieces.
Considering the above mentioned low-relief muse medallions that adorn the front of the arm rests, it is tempting to suggest that they may portray the profile of the fauteuils owner, as it was often the case with classical stone intaglios, in which they embodied Greek and Roman mythological figures. These decorative motifs are suggestive of medals, or even of cameos, an art form much admired by Napoleon, who collected a considerable number of these objects during his 1796 Italian campaign. In fact, on the occasion of his coronation in 1804, the Emperor displayed a crown with forty applied cameos, made by the goldsmith Martin-Guillaume Biennais (1764-1843), that is now in the Musée du Louvre (Inv.: MS 91). Fashionable and highly desirable in the Imperial years, in 1805 the Journal des Dames noted on the subject of cameos that “Une femme à la mode porte des camées à la ceinture, dans son collier, sur chacun de ses bracelets, sur son diadème; sur son fauteuil antique sont des camées (…)” .
By formal and aesthetic similarities with seating furniture commissioned by Empress Josephine (1763-1814) for her bedroom at the Château de Malmaison , it is possible to suggest, for our fauteuils, an attribution to the ébéniste Jacob Desmalter, the main furniture supplier to the Imperial Palaces. Some years later, the ébéniste Pierre Antoine Bellangé will also design a fauteuil for King Louis XVIII, whose ornamentation is analogous to the pair herewith described .
With important royal provenance, as evidenced by the mark “ARC” stamped to the webbing of both fauteuils - referring to the Château d’Arc-en-Barrois - they are part of a set acquired ca. 1948 by Ricardo do Espírito Santo Silva to the then Count of Paris – Henri Robert Ferdinand Marie of Orleans (1908-1999), which includes 12 chairs and a large settee.
Once owned by the Duchess of Bourbon, Louise Bathilde of Orleans (1750-1822) the set was inherited by her nice, Princess Louise Marie Adelaide Eugenie of Orleans (1777-1847), owner of the Château d’Arc-en-Barrois, remaining in the ownership of the Orleans family up until being sold by the Count of Paris.
This pair of fauteuils, illustrative of the French Empire canons of elegance, grandeur, brilliance and magnificence, assumes major relevance within the context of Napoleon’s Imperial tenure, not just for its attribution to one of the most famous Imperial suppliers of the age – Jacob Desmalter – but also for its rare and unequivocal royal provenance.

Par de cadeiras de braços do Primeiro Império Francês, em madeira de faia entalhada e dourada. De planta quadrangular e de formas direitas e depuradas, nelas sobressaem os ângulos nítidos e os volumes bem proporcionados.
O espaldar de forma quadrada, com recosto ligeiramente inclinado, dito “à la Reine”, tem estofo central emoldurado e encimado por cachaço recto. A decoração, que se caracteriza por uma procura intensa de simetria, é formada por palmeta entalhada e invertida, no topo.
O cachaço, em travessa direita e emoldurada, está centrado por botão de flor quadrilobada ladeado por duas palmetas, completado por botão idêntico na periferia, ordenação característica deste estilo. Está rematado por uma barra em meia cana.
Os braços, direitos, de secção circular e com as manchetas estofadas, são unidos aos montantes posteriores por consola de enrolamentos decorada com folha de água entalhada. Terminam em cinco anéis, com medalhão esculpido em baixo-relevo com busto de uma Musa no topo. Estão apoiados em coluna cilíndrica troncocónica esférica, que se desenvolve no prolongamento das pernas dianteiras, encimada por duplo anel sob lambrequim, com capitel de inspiração egípcia em flor-de-lótus, ladeado por duas palmetas, sendo a base decorada por friso de corações. Os pés, em acantos estilizados e emoldurados estão inseridos em anel de flores de lótus.
A cintura é totalmente emoldurada, agregando e estendendo-se pelos proeminentes montantes dianteiros. Está pontuada, na frente e nas ilhargas laterais, por entalhe de pequenas flores polilobadas. O estofo mantem as percintas originais e o assento, característico da época imperial, é acolchoado, rígido e de ângulos vivos.
As pernas traseiras são de secção quadrada e projectadas para fora, em sabre ou “à etrusca”, na continuação dos montantes posteriores da cadeira.
Em tudo característicos da época Imperial, o desenho destes fauteuils respeita os constantes seculares, de expressão mais solene, de acordo com as ideias do tempo. Os braços rectos, e ligados ao espaldar através de consola, apoiam-se no prolongamento das pernas dianteiras. A partir do estilo Consulado, que também se denomina “Retour à l’Egypte”, vêm juntar-se elementos decorativos egípcios aos gregos e romanos antigos; O mogno, maciço ou folheado, vem a ser, em parte, substituído, após o Bloqueio Continental (1806), por madeiras indígenas – nogueira, cedro, faia ou madeiras frutíferas – normalmente pintadas ou douradas, principalmente nos móveis de corte.
O remate dos braços é feito por medalhão em baixo-relevo com o busto de uma musa. Poder-se-á dar o caso de a esfinge representar o perfil da sua proprietária e encomendante, como era hábito na representação glíptica dos antigos Impérios, reproduzidas como figuras da mitologia grega e romana. Esta linguagem decorativa em tudo se assemelha a duas medalhas, ou mesmo, a dois camafeus. Napoleão, um grande amante desta arte, trouxe uma quantidade destes objectos da campanha italiana, em 1796. Por altura da sua coroação (1804) exibiu uma coroa Imperial com quarenta camafeus executada por Martin-Guillaume Biennais (1764-1843), hoje no Museu do Louvre (Inv.: MS 91).
Os camafeus tiveram uma voga nos inícios do seculo XIX. No Journal des Dames refere-se em 1805 que “Une femme à la mode porte des camées à la ceinture, dans son collier, sur chacun de ses bracelets, sur son diadème; sur son fauteuil antique sont des camées(…)”
Por aproximação formal e estética ao mobiliário de assento encomendado pela imperatriz Josefina de Beauharnais (1763-1814) para o seu quarto no Château de Malmaison , podemos atribuir a autoria destas cadeiras de braços a Jacob Desmalter, o maior fornecedor de móveis para os palácios imperiais, durante o Primeiro Império Francês. Um pouco mais tarde, também o ebanista Pierre Antoine Bellangé elabora um projecto de fauteuil para Luís XVIII que revela certas analogias ornamentais com estas peças .
Este par de fauteuils apresenta uma proveniência destacada, como demonstra a sigla “ARC”- Castelo de Arc-en-Barrois - estampada nas percintas dos seus estofos e fazem igualmente parte de um conjunto – doze cadeiras e um canapé - adquiridos por Ricardo do Espirito Santo Silva c. 1948, ao Conde de Paris - Henri Robert Ferdinand Marie d’Orléans (1908-1999) na mesma altura. Este conjunto de mobiliário, pertença da Duquesa de Bourbon – Louise Bathilde d’Orléans (1750-1822), terá sido herdado pela Princesa Louise Marie Adelaide Eugènie d’Orléans (1777-1847), proprietária do Castelo de Arc-en-Barrois, que se manteve na família do Conde de Paris até à data da sua venda.
O par de cadeiras de braços aqui analisadas revestem-se da maior importância, quer pela sua execução, produto de um dos maiores e mais afamados fornecedores artísticos da época – Jacob Desmalter - quer pela sua proveniência, que lhe confere o estatuto de mobiliário de assento utilizado num ambiente de corte. Estas importantes cadeiras espelham aquilo que representa o Estilo Imperio, com toda a sua elegância, grandiosidade, brilhantismo e magnificência.

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Mobiliário

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.