Pote

Nº de referência da peça: 
C616

Faiança portuguesa
Lisboa, c.1600–1620
Alt.: 40,0 cm
Prov.: M.P., Lisboa; Convento de Jesus, Setúbal
Expo.: «O Exótico nunca está em casa?», Lisboa, 2007, p. 233; «A Influência Oriental na Cerâmica Portuguesa do Século XVII», Lisboa, 1994, p. 78
Pub.: Vasco Graça Moura, Revista OCEANOS –“Porcelanas e Mares da China”, n. 14; «Lisboa na Origem da Chinoiserie», Lisboa, 2018, p. 64

Large Pot
Portuguese faience
Lisbon, c.1600–1620
H.: 40.0 cm
Prov.: M.P., Lisbon; Convento de Jesus, Setúbal
Exhib.: «O Exótico nunca está em casa?», Lisbon, 2007, p. 233; «A Influência Oriental na Cerâmica Portuguesa do Século XVII», Lisbon, 1994, p. 78
Pub.: Vasco Graça Moura, Revista OCEANOS –“Porcelanas e Mares da China”, n. 14; «Lisboa na Origem da Chinoiserie», Lisbon, 2018, p. 64

Important Portuguese faience pot, of rounded body and short neck, decorated in cobalt-blue on a tin-white enamel, in a pattern inspired by Chinese porcelain pieces from the Ming dynasty, Wanli period (1572-1620).
The large pear-shaped bulging body divided in four large oval cartouches filled with stylized rocky outcrops, with lotus flowers, camellias and peach trees, in a jovial interpretation of original Chinese models. These cartouches alternate with crossing white bands, decorated with ruyi heads that stand out from a cobalt-blue checkerboard pattern, in a naïve depiction of swastikas.

The shoulder, with identical decoration of four medallions filled by diverse flowers, in which a peach tree is clearly identifiable, rises to a short but robust neck with a blue band of beads and flowers.
Encircling the base a large frieze of stylized lotus panels on a white ground.

Few pieces are known with this type of decoration, what explains the fact that this pot is often mentioned in literature as a good example of Portuguese faience production from the early 17th century, which followed attentively the porcelain models arriving from the East, and which gave origin to the first European produced chinoiseries.

The richness of Lisbon’s potteries production in the first half of the 1600 can be translated in the wide variety of decorations, shapes and types of objects. In this period the pieces produced achieved outstanding quality and reached one of the peaks of the Portuguese ceramic history.

Portuguese ceramic was a singular production, not only for the quality of the paste, the fine glaze and the blue pigment selected for the decoration, but also for the adoption of innovative decorative grammars of obvious oriental inspiration that preceded by several decades their assimilation by other European ceramic productions.
The Portuguese expansion and the subsequent privileged trade relations between Portugal and the East, turned Lisbon into the main European market for exotic products, amongst which the highly desirable Chinese porcelain, which was then re-exported, supplying courts and wealthy European families.

The high cost of porcelain incentivized the Portuguese potters to produce a cheaper imitation product. The first-hand knowledge of Ming porcelain particularly that produced in the reign of Emperor Wanli (1572-1620), fostered the appearance of singular and innovative ceramics with shapes and decorative details inspired by Chinese models.
The technical quality, exoticism, innovative decoration and an attractive price, lower than Italian majolica, were responsible by their immediate success throughout Europe.
By the mid-17th century however, with importing costs from Lisbon, a city in the periphery of Europe, rising substantially, it is clearly noticeable the development of the Dutch pottery industry, especially in the city of Delft, which will grow to became a main production centre for pieces in the Oriental taste, causing a severe decline to the Lisbon potteries and their subsequent closure.

Bibliography:
- MATOS, Maria Antónia Pinto de (coord.), O Exótico nunca está em casa? A China na faiança e no azulejo portugueses (séculos XVII-XVIII), MNAZ, 2007, pág.233, fig.28.
- MATOS, Maria Antónia Pinto de, MONTEIRO, João Pedro, A Influência Oriental na Cerâmica Portuguesa do Século XVII (Catálogo), Lisboa: Electa, 1994, p.78
- MOURA, Vasco Graça, OCEANOS - Porcelanas e Mares da China, C.N.D.P., nº 14, June 1993, p.82

Raro e importante pote bojudo de colo curto, em faiança portuguesa decorado a azul-cobalto, sobre esmalte branco estanífero, com uma decoração inspirada na porcelana na porcelana chinesa do período Wanli da dinastia Ming,
O bojo ostenta uma ornamentação compartimentada, em quatro grandes reservas ovaladas contendo rochedos estilizados, quer com flor de lótus, quer com camélias e pessegueiro, numa interpretação livre das cartelas dos artesões chineses. Estão separadas por bandas brancas cruzadas, decoradas com cabeças de ruyi, que sobressaem de um fundo de padrão quadriculado em azul-cobalto, uma representação ingénua das cruzes suásticas.
O ombro, com uma decoração idêntica, de quatro medalhões preenchidos por flores diversas, identificando-se um pessegueiro, termina num colo curto, junto ao gargalo, com um cordão de contas e flores a azul.
Junto à base, um grande friso de painéis de lótus estilizados em fundo branco.
Não são conhecidas muitas faianças com este tipo de decoração, razão pela qual, esta peça é várias vezes mencionada na literatura como um bom exemplo da produção oleira do início do século XVII, que seguia atentamente as porcelanas que chegavam do oriente, dando origem às primeiras chinoiseries.
A riqueza produtiva das olarias de Lisboa da primeira metade de Seiscentos traduz-se não só pela grande variedade de decorações, mas também pelas formas e tipos de objectos. As olarias alcançaram uma grande mestria que constitui um dos momentos do apogeu da história da manufactura da cerâmica nacional.
Efetivamente a faiança portuguesa foi uma produção singular, não só na qualidade da pasta, no vidrado fino e no azul utilizado na decoração, mas também na inovação dos temas decorativos, de nítida influência oriental, que precedeu em várias décadas o que se veio a verificar posteriormente na Europa.
Os descobrimentos e subsequentes relações comerciais privilegiadas entre Portugal e o Oriente, fizeram com que Lisboa se impusesse como o primeiro mercado europeu de produtos exóticos, entre os quais a porcelana chinesa, que exporta, fornecendo as cortes e as famílias europeias poderosas.
O elevado custo da porcelana incentivou os oleiros portugueses a fabricarem um produto semelhante, mas menos oneroso. O conhecimento da porcelana Ming, em particular do período Wan-Li, foi propício ao desenvolvimento de cerâmicas inovadoras e singulares, com formas e decoração segundo os modelos orientais.
A qualidade técnica, o exotismo e inovação da decoração e o facto de ter um custo muito mais acessível que a majólica italiana foram responsáveis pelo sucesso imediato em toda a Europa.

V.d. - MATOS, Maria Antónia Pinto de (coord.), O Exótico nunca está em casa? A China na faiança e no azulejo portugueses (séculos XVII-XVIII), MNAZ, 2007, pág.233, fig.28.
- MATOS, Maria Antónia Pinto de, MONTEIRO, João Pedro, A Influência Oriental na Cerâmica Portuguesa do Século XVII (Catálogo), Lisboa: Electa, 1994, p.78
- MOURA, Vasco Graça, OCEANOS - Porcelanas e Mares da China, C.N.D.P., nº 14, Junho 1993, p.82

  • Arte Portuguesa e Europeia
  • Azulejos e Faianças
Peças Vendidas

Formulário de contacto - Peças

CAPTCHA
This question is for testing whether or not you are a human visitor and to prevent automated spam submissions.
Image CAPTCHA
Enter the characters shown in the image.