Ventó Indo-português , India, prov. Taná, c. 1600-1625
Teca, ébano, marfim, osso, sissó, sândalo, latão e ferro e ferragens em cobre dourado
37,5 x 46 x 33 cm
F1441
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Ventó de estrutura em teca (Tectona grandis) faixeado a ébano (Diospyros ebenum), e decorado com embutidos de marfim, osso animal tingido de verde, sissó (Dalbergia sissoo) e sândalo (Santalum album).
Esta peça de mobiliário replica, quanto à forma, um protótipo extremo-oriental conhecido por ventó. O termo japonês bentō, que passou para o português, segundo a definição do primeiro dicionário nipo-português, o Nippo jisho publicado como Vocabulario da lingoa de Iapam em 1603, era na verdade, e é ainda hoje, um caixa para almoço. Com efeito, o modelo original japonês para o ventó é conhecido por kakesuzuri-bako, ou “escritório portátil” que, quando apresenta porta frontal e ferragens como a de um cofre-forte, é chamado funa-dansu ou “arca de navio com gavetas”: uma caixa para selos (documentos, instrumentos de escrita e tinta em pedra) e dinheiro com uma única porta frontal com dobradiças, normalmente revestida por complexas ferragens e o interior com várias gavetas ou compartimentos com portas frontais.
As faces exteriores apresentam a mesma decoração, em tapete: campo central com exuberante planta florida elevando-se de um vaso, por vezes ladeado por lebres ou pavões, emoldurado por cercadura larga de enrolamentos vegetalistas com rosetas em estrela nos pontos médios e águias-bicéfalas (gaṇḍabheruṇḍa) coroadas nos cantos; separados por fina cercadura de quadrifólios característicos desta produção. Quando aberto, revela uma partição interior típica extremo-oriental, com duas gavetas superiores, a todo o comprimento do móvel, para guardar papel; por baixo e à direita, duas mais pequenas e, á esquerda, uma quadrada, totalizando cinco gavetas dispostas em quatro renques. As frentes das gavetas são também decoradas com plantas floridas ladeadas por lebres ou leões. A decoração do interior da porta apresenta um largo campo central com grande planta florida, emergindo de um vaso flanqueado por duas figuras masculinas europeias que, curiosamente, surgem vestidas com o típico traje feminino da viragem para o século XVII. O campo central é emoldurado por simples cercadura de quadrifólios.
Apresenta ferragens em cobre dourado a azougue que incluem o espelho de fechadura de estilo chinês na porta frontal, três dobradiças também na porta, cantoneiras, pega no topo, espelho de fechadura da gaveta quadrada no interior, e puxadores das gavetas, de argolas. As ferragens, em especial os espelhos das fechaduras e cantoneiras, são cinzeladas com maestria com aves e leões rampantes por entre elementos vegetalistas.
Tanto os materiais como a gramática ornamental utilizada neste ventó, assim como, as ricas ferragens, apontam para uma origem na Província do Norte do Estado Português da Índia, provavelmente Taná. Um escritório (34,3 x 30,8 x 41,5 cm) em tudo semelhante, provavelmente produzido numa mesma oficina de Taná, está em depósito no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto (inv. 41 Mob CMP/MNSR) sendo da colecção do Museu da Cidade (Câmara Municipal do Porto).
Esta peça de mobiliário replica, quanto à forma, um protótipo extremo-oriental conhecido por ventó. O termo japonês bentō, que passou para o português, segundo a definição do primeiro dicionário nipo-português, o Nippo jisho publicado como Vocabulario da lingoa de Iapam em 1603, era na verdade, e é ainda hoje, um caixa para almoço. Com efeito, o modelo original japonês para o ventó é conhecido por kakesuzuri-bako, ou “escritório portátil” que, quando apresenta porta frontal e ferragens como a de um cofre-forte, é chamado funa-dansu ou “arca de navio com gavetas”: uma caixa para selos (documentos, instrumentos de escrita e tinta em pedra) e dinheiro com uma única porta frontal com dobradiças, normalmente revestida por complexas ferragens e o interior com várias gavetas ou compartimentos com portas frontais.
As faces exteriores apresentam a mesma decoração, em tapete: campo central com exuberante planta florida elevando-se de um vaso, por vezes ladeado por lebres ou pavões, emoldurado por cercadura larga de enrolamentos vegetalistas com rosetas em estrela nos pontos médios e águias-bicéfalas (gaṇḍabheruṇḍa) coroadas nos cantos; separados por fina cercadura de quadrifólios característicos desta produção. Quando aberto, revela uma partição interior típica extremo-oriental, com duas gavetas superiores, a todo o comprimento do móvel, para guardar papel; por baixo e à direita, duas mais pequenas e, á esquerda, uma quadrada, totalizando cinco gavetas dispostas em quatro renques. As frentes das gavetas são também decoradas com plantas floridas ladeadas por lebres ou leões. A decoração do interior da porta apresenta um largo campo central com grande planta florida, emergindo de um vaso flanqueado por duas figuras masculinas europeias que, curiosamente, surgem vestidas com o típico traje feminino da viragem para o século XVII. O campo central é emoldurado por simples cercadura de quadrifólios.
Apresenta ferragens em cobre dourado a azougue que incluem o espelho de fechadura de estilo chinês na porta frontal, três dobradiças também na porta, cantoneiras, pega no topo, espelho de fechadura da gaveta quadrada no interior, e puxadores das gavetas, de argolas. As ferragens, em especial os espelhos das fechaduras e cantoneiras, são cinzeladas com maestria com aves e leões rampantes por entre elementos vegetalistas.
Tanto os materiais como a gramática ornamental utilizada neste ventó, assim como, as ricas ferragens, apontam para uma origem na Província do Norte do Estado Português da Índia, provavelmente Taná. Um escritório (34,3 x 30,8 x 41,5 cm) em tudo semelhante, provavelmente produzido numa mesma oficina de Taná, está em depósito no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto (inv. 41 Mob CMP/MNSR) sendo da colecção do Museu da Cidade (Câmara Municipal do Porto).
Provenance
Col. M.H.R., LisboaReceba as novidades!
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