Open a larger version of the following image in a popup:
Cofre, madeira e madrepérola. Índia, Gujarat, possivelmente finais do séc. XVI

Arqueta Indo-portuguesa , Índia, Guzarate, séc. XVI
teca, massa colorida, madrepérola, goma-laca e cobre dourado
39 x 64 x 38 cm
F1366
Further images
-
(View a larger image of thumbnail 1
)
-
(View a larger image of thumbnail 2
)
-
(View a larger image of thumbnail 3
)
-
(View a larger image of thumbnail 4
)
-
(View a larger image of thumbnail 5
)
-
(View a larger image of thumbnail 6
)
-
(View a larger image of thumbnail 7
)
-
(View a larger image of thumbnail 8
)
-
(View a larger image of thumbnail 9
)
-
(View a larger image of thumbnail 10
)
-
(View a larger image of thumbnail 11
)
-
(View a larger image of thumbnail 12
)
Provenance
Coleção Jim Dixon, para beneficiar a Krishnamurti Foundation of America
Esta excepcional arqueta de grandes dimensões, de corpo paralelepipédico e tampa tronco-piramidal (em telhado de quatro águas e topo plano) foi construida em teca (Tectona grandis) e revestida a mástique negro e decorada com “embutidos” de madrepérola. Este grande cofre / arqueta faz parte um grupo de objectos utilitários e peças de mobiliário de pequena e média dimensão produzidos no Guzarate com madrepérola e destinados tanto ao mercado interno como à exportação. Dentro desta produção, é um dos maiores exemplares que se conhece, pertence a um pequeno grupo de objectos decorados a mástique negra e com “embutidos” de madrepérola. A forma corresponde, como acontece a de outras produzidas na mesma época no Guzarate em tartaruga, a uma tipologia em uso no subcontinente indiano e de âmbito islâmico, anterior à chegada dos primeiros portugueses. Trata-se de um formato antigo e extremo-oriental de contentor utilizado para proteger os textos sagrados do Budismo, os sutras. A madrepérola tem origem nas conchas do gastrópode marinho Turbo marmoratus) e também da ostra perlífera, provavelmente da Pinctada maxima, de coloração mais esbranquiçada. A sumptuosa e intrincada decoração em tapete espelha a influência duradoura do estilo timúrida internacional, tal como vemos na tampa, com três medalhões polilobados no campo central, separados por altas palmeiras em espelho, num fundo de enrolamentos vegetalistas, com flores-de-lótus estilizadas de inspiração chinesa e rosetas de seis pétalas. Estas palmeiras podem ser identificadas com a palmeira do Ceilão (Corypha umbraculifera), espécie nativa do leste e sul da Índia e Sri Lanka, onde as folhas eram tradicionalmente utilizadas como suporte para a escrita. As faces inclinadas da tampa são decoradas com enrolamentos florais emoldurados, que encontramos também na parte superior de todas as faces da caixa, por frisos de motivos repetidos em forma de folha recortada. A decoração da frente e tardoz segue disposição semelhante à da tampa, com três medalhões polilobados com arabescos, separados por exuberantes palmeiras em forma de leque, certamente a palmeira de Palmira (Borassus flabellifer), nativa da Ásia do Sul. As ilhargas apresentam idêntica decoração, com um único medalhão sobre fundo de enrolamentos vegetalistas e flores-de-lótus.Este cofre / arqueta é muito semelhante ao bem conhecido cofre-relicário (40,0 x 55,0 x 32,0 cm) do Monasterio de las Descalzas Reales, Madrid (inv. 00612591). Embora a de Madrid não inclua na sua decoração os medalhões, apresenta idênticas palmeiras de Palmira e flores-de-lótus estilizadas de origem chinesa. Terá entrado nas Descalzas Reales, um convento de freiras clarissas descalças sob patrocínio régio, talvez como oferta do imperatriz Maria de Áustria (1528-1603) para custodiar as relíquias da mártir Santa Margarida de Antioquia, doadas pela fundadora, Joana de Áustria (1535-1573), Princesa de Portugal. Junto com outros cofres guzarates em madrepérola e tartaruga, formou parte da câmara de relíquias (Relicario), outrora oratório privado da princesa.Esta arqueta de guzarate pertenceu à famosa colecção de Jim Dixon. Dixon (1943-2020) foi um arquitecto paisagista conhecido pela sua colecção de tapetes e outros têxteis de importância histórico-artística. O seu vasto conhecimento botânico e a paixão pelas representações artísticas do mundo natural podem ter motivado a aquisição desta arqueta. Provavelmente no século XIX ou inícios do século XX, a arqueta sofreu algumas alterações na sua aparência. Para além de ter perdido os escaninhos que tinha no interior, acrescentaram-se à cintura da tampa e supedâneo uns frisos em madeira entalhada, junto com cantoneiras e fechadura de latão. Durante a recente intervenção de restauro estas adições foram removidas, devolvendo-se a aparência original da arqueta. Os interiores retornaram à superfície pintada original e as pequenas perdas na decoração em madrepérola foram preenchidas usando materiais e técnicas tradicionais. O soco de madeira segue agora os exemplares conhecidos em colecções públicas e privadas, assim como as ferragens de cobre dourado, produzidas por fundição e colocados nas furações originais, semelhantes às de peças desta mesma produção e cronologia.
Join our mailing list
* denotes required fields
We will process the personal data you have supplied in accordance with our privacy policy (available on request). You can unsubscribe or change your preferences at any time by clicking the link in our emails.